O Cruzeiro do Equilíbrio
Vamos imaginar um círculo e dentro dele façamos um desenho, composto de dois diâmetros perpendiculares entre si, ou seja, geometricamente eles irão se cruzar no centro da roda, dividindo-a em quatro áreas absolutamente iguais. Comecemos então a analisar essa simples figura, de maneira filosófica; poderemos então encontrar novos caminhos de reflexão, muitas questões interessantes e muitas respostas conclusivas – façamos, pois, esse exercício, que poderá nos surpreender.
Em primeiro lugar, vamos determinar que esses traços estejam nas posições horizontal e vertical, formando assim uma cruz em perfeito equilíbrio, ou seja, com suas hastes exatamente do mesmo tamanho. Para facilitar nosso raciocínio, vamos dar nomes a elas – a vertical, “shojo”, e a horizontal, “daijo”- são palavras da língua japonesa, que têm uma representatividade muito forte e são bem completas. Shojo quer dizer: estreito, rigoroso, delimitado e representa o lado espiritual, porque o vertical lembra a união de Deus (Alto) com o homem (solo). Daijo, por ser horizontal, lembra: amplo, permissivo, liberto e se refere ao lado material, ou seja, passa a representar a ligação do homem com o homem. O fato de ambos estarem delimitados pelo círculo, mostra que há perfeita igualdade entre o shojo e o daijo, ou melhor, podemos dar o nome de “cruz equilibrada” ou, em japonês, “izunomê”. Esse equilíbrio perfeito entre o espírito e a matéria é que determina o grau de felicidade de cada um de nós, porque vai depender das nossas decisões e ações o tamanho da nossa espiritualidade, que determina a forma da nossa vida material com abundância ou escassez.
Todos nós sabemos que o homem, movido pela ganância e o apego, sempre correu atrás de riquezas materiais e de poder, nem que para isso tivesse que cometer desde pequenos delitos, chegando até ao extremo de matar seu semelhante. Essa forma de pensar e agir, que continua sendo prática “normal” nos dias atuais, trouxe o mundo para a beira do abismo. Agora, pode-se perguntar: _Por quê? A resposta fica simples quando nos lembramos do izunomê – no momento em que simplesmente aumentamos a quantidade de bens em nosso poder, mesmo que de forma honesta, provocamos um desequilíbrio no cruzeiro, pois extrapolamos o lado daijo, em relação ao shojo, sendo assim o horizontal aumenta desproporcionalmente em comparação ao vertical, levando-nos a uma situação de desigualdade entre o espírito e a matéria. Como o mundo físico é o reflexo do mundo invisível (espiritual) e é este que determina, portanto, os acontecimentos na matéria, conforme a Lei do Espírito Precede a Matéria, “algo” irá provocar uma reação natural para que se restabeleça o devido equilíbrio. _Então, o que irá acontecer? Primeiramente, a tendência é de haver uma perda, queima, furto ou outra qualquer forma de expurgo desse material, até se chegar ao nível de espiritualidade vigente, a não ser que consigamos alcançar o nosso crescimento espiritual na mesma proporção, a ponto de chegarmos a um estado de equilíbrio, garantindo assim a nossa posse sobre os bens, de forma limpa e definitiva.
O que tem acontecido até hoje é cada vez mais o desequilíbrio entre o vertical e o horizontal, com a tendência de se tornar ainda pior, pois, quando usamos estratagemas escusos e criminosos para nos apoderarmos de bens materiais, ao mesmo tempo diminuímos nossa espiritualidade, criando-se assim desequilíbrios extremos, com conseqüências cada vez mais desastrosas, orquestradas pela Natureza, que está sempre à procura do seu equilíbrio original. O Criador está no comando de tudo, com isso a Sua vontade prevalece sobre quaisquer outras, assim Ele usa as Leis Eternas para que haja o cumprimento das Suas determinações, que serão na mesma intensidade da forma em que tenhamos o desequilíbrio - a partir daí, “sai de baixo”. Podemos concluir facilmente que o homem foi, é e sempre será o causador da própria felicidade ou desgraça, não tendo o mínimo direito de jogar esses resultados nas costas de quem quer que seja, principalmente nas de Deus, porque tudo não passa apenas de uma questão de escolha de cada um.
Espero poder voltar a falar sobre daijo, shojo e izunomê, pois muita novidade poderá ser revelada sob esse tema tão simples, mas de grande profundidade.