A NÃO OBRIGATORIEDADE DO DIPLOMA DE JORNALISMO
O jornalista antes de ser profissional é cidadão.
O Supremo Tribunal Federal decidiu no último dia 17 de junho que o diploma de jornalismo não é obrigatório para o exercício da profissão, por 8 votos a 1, decidiram em nome de todos os jornalistas do Brasil.
A não obrigatoriedade do diploma é o caminho a extinção da qualificação dentro da área de jornalismo. Pensando bem, eu me pergunto: quem vai querer passar 4 a 5 anos em uma academia, a qual, o diploma não tem valia de graduação? Pode ser até que se encontre entre milhões, poucos.
Eu tenho formação acadêmica em jornalismo, passei 4 anos estudando teoria e prática para transformar-me em uma profissional consciente de meu papel nos mais diversos sentidos da profissão. Por minha experiência posso dizer, a academia me preparou, sim, e muito!
O jornalismo é uma profissão atraente, mas, a verdade é que para ser jornalista é preciso antes de tudo ter talento, como qualquer outra profissão. Porém, a academia também nos ajuda a descobrir os nossos talentos ou mesmo aperfeiçoá-los. Com a queda do diploma a qualificação nesta área corre o risco de não mais existir.
Ser jornalista não é apenas ter o domínio da escrita, há uma complexidade de objetos que envolvem o campo jornalístico, além de que é uma área humana e racional. O jornalista deve ter mente e coração no desenvolvimento de seu trabalho.
A voz de um jornalista deveria ser a voz do povo, sim, mas o povo pouco tem voz em um país como o Brasil, e no caso da decisão “não obrigatoriedade do diploma”, a voz do jornalista emudeceu.
Ser jornalista não é apenas se inteirar por acontecimentos da humanidade, é ler e estudar constantemente, caminhar de encontro à educação, procurar um favorecimento para a sociedade através de ideais que conscientizem o cidadão, isto é, educar-se para educar.
Como um povo poderá escolher sabiamente seus governantes se não é educado para tal escolha? Mas, a manobra política de uma sociedade do espetáculo é justamente não educar para manipular.
O jornalismo, dizem ser o quarto poder, tem forte influência sobre a sociedade, porém, é um poder subordinado a outros; nem sempre o profissional desta área conseguirá agir em conformidade a sua opinião ou interesse da sociedade; observamos, nem mesmo a bem de seu próprio interesse profissional.
Portanto, a não obrigatoriedade do diploma é o mesmo que tirar o direito do cidadão de se capacitar. Aí está, uma sociedade do espetáculo, onde a democracia é utopia e o poder político utiliza-se de sua autoridade porque seus interesses políticos e ideológicos assim o determinam.
Como uma cidadã do mundo e jornalista eu assino:
Aldemira Margarido