E HISTORIAS PERDIDAS NESSA MEMÓRIA...

Dou-me inteira a esse caminho que sigo quase involuntariamente. É o único que conheço desde que me tornei habitante de mim mesmo. Ele me leva sempre à minha casa. O meu eu solitário. Minha casa de soturnos cômodos. Mas há um jardim... Imaginário. Algumas flores quase murchas. São sobras da primavera que partira, e com ela o brilho de seus dias coloridos. Agora uma relva quase seca faz as vezes de tapete. Àrvores desnudas sobressaem em meio a esse tapete. O que sobra de suas folhas amarelas ainda dançam no ar uma coreografia diferente, porque o outono veio mais forte esse ano e com ele as rajadas de vento que se tornaram mais fortes perto do inverno.

Da minha janela observo o que antes eram momentos de cor. Alguns anos se passaram para que eu percebesse que minha casa precisa de uma reforma. E quando digo casa, digo essa casa que mora dentro de mim. essa casa que deixara a primavera partir de seus jardins. As memórias ficaram... Memórias que não escrevi. E histórias perdidas nessa memória que, aos poucos, se perde no ar qual o vento de outono. Mas acaricio uma flor murcha... São meus sonhos que se perderam nesses cômodos de minha casa. Penso que me desconheço, embora ainda siga os mesmos passos de mim mesmo.
Sonia de Fátima Machado Silva
Enviado por Sonia de Fátima Machado Silva em 02/06/2006
Reeditado em 16/12/2008
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