CRÔNICA, TELEFONEMA OU POEMA?

CRÔNICA, TELEFONEMA OU POEMA?

Marília L. Paixão

Ela me pediu que eu fizesse um texto para ela mas por conta da inspiração ingrata e pouco criativa resolvi telefonar. E olha que não sou boa em nada ao telefone.

- Alô - De onde fala?

- Deseja falar com quem?

- Com a Mônica Mello!

-Do que se trata.

-Se trata de um poema para o aniversário dela.

- Pode declamar que eu passo o recado para ela.

- Não senhora. Eu não sou do serviço de tele-mensagens não. Ou é direto com ela ou ligo outra hora. Será que ai é da casa dela mesmo?!

- Pode ser...pode não ser...

- E com quem eu falo enquanto não se sabe o que pode ser?

- É da casa dela sim, querubim.

- E ela não pode atender?

- Minha filha, se eu não atendo o telefone ele toca até me enlouquecer. Ela diz que não tem tempo para atender.

- Então diga que desejaram feliz aniversário para ela.

- Mas digo que foi quem?

- Pode dizer que foi uma escritora com um sapo a tiracolo. Diga que a gente trazia um poema, mas que o poema fica para outra hora, para quando ela tiver um segundo para recolher flores.

- O poema é sobre flores?

- O poema é sobre ela. Sobre as flores dela.

- Devem ter morrido todas, não é minha filha?! Ela não tem tido tempo nem para tomar água!

Se você quiser ler o poema eu aperto aqui uma tecla que grava e depois ela ouve.

- Eu não quero que ela me ouça. Eu quero que ela leia o poema por si só. Não é como se fosse um poema meu para ela...

- Por si só ela não faz nada mais..só trabalha...só vive agora para o serviço...

- Então a senhora diz para ela que tem um monte de gente que vive com saudade dela lá no site das letras.

- ah! Aquele site de poemas... Ela não tem tempo para isso mais não minha filha.

- Pois ela precisa ter! Do jeito que a senhora fala parece que ela desistiu da vida. Aconteceu alguma coisa grave com ela além da gripe da escrava Isaura ou ela deu uma Michael Jackson sumida?

- Não estou entendendo nada, minha filha...será que é a linha?!

Quer saber?! Pode gravar! Aperta a tecla ai que eu vou ler o poema

- Vai ler? - Vou! - Posso gravar então?! - Pode !

- ok...gravando!

- já está gravando?

- sim... – Então já vou começar...

- Pode começar minha filha!

- Estou esperando a senhora ficar em silêncio.

- Desculpe.

- Dá uma desligadinha para eu ajeitar a voz e depois liga de novo

- sim.

- Pronto. Pode ligar!

O começo do poema é um beijo

Que atrevo dar-lhe

Colhido das flores que não trouxe

mas que tentar desenhar, tentei

Colhi nas ruas em que você passava

E como se carregasse a fita mais bonita

Que serviria para enfeitar a estrada...

Um vento de inverno deixou o sol brilhar

Na parte pálida do poema.

Será que você viria pela calçada?

Ele pularia de alegria?

As flores sorririam?

Elas sabiam que tinham que lhe abraçar de alguma forma

Eu disse a elas: Abrace com um bolo de claras em neves

E Dagger então disse:

Eu vou abraçá-la como ela merece!

Você não pode Dagger! Ela pode se assustar

E as flores poderão murchar caso ela corra de você

Então eu me escondo debaixo do bolo

Faremos do poema um eterno tesouro

De onde as flores

Para sempre

Para ela

Sorrirão

QUE O HAPPY BIRTHDAY VIVA SEMPRE EM SEU CORAÇÃO.

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P.S – Só pessoas muito especiais merecem uma crônica loucamente especial como esta...rs

Pessoas como você merecem

Pessoas como eu fazem.

Marília L Paixão
Enviado por Marília L Paixão em 03/07/2009
Reeditado em 03/07/2009
Código do texto: T1679962
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