Relação Custo Benefício
Cissa de Oliveira
Quando eu estava grávida, com exceção dos últimos meses, eu utiizava o metrô como meio de transporte. Naquela época, o metrô já lotava absurdamente nos horários de pico, mas isto não era motivo para que eu viajasse de pé. Quando era o caso, normalmente havia um cavalheiro que me cedia o lugar, tão logo visualizasse quem primeiro chegava: a minha barriga.
Ainda assim, naquela época, mais exatamente nos anos oitenta, já havia quem reclamasse da falta de cavalheirismo. Imagine-se então como a coisa anda hoje! Nem o lugar reservado aos deficientes físicos ou aos idosos é respeitado. Sem dúvida, é algo que ultrapassa a questão do cavalheirismo e se depara com a falta de educação. Loucura. Cegueira. Violência.
Loucura, porque já não nos percebemos. Cegueira, porque já não nos vemos. Violência porque já não nos sentimos. Como poderíamos nos identificar com o outro se nem sequer o percebemos? Mais do que cavalheirismo e educação, falta identificação. Mais estranho é que justamente onde faltem coisas tão significativas, sobrem outras, e pior, que na relação custo benefício, o balanço seja absurdo. Porque nisso tudo, o saldo é algo que beira a onipotência. E cá pra nós, isso é ridículo.