ALIENADO DUMA ESCOLA QUALQUER ( Um trabalho competente ornamenta o prédio escolar)
Por Claudeci Ferreira de Andrade
No tempo de meus avós, quando eles ainda estudavam, não era assim! Contavam-me que os alunos das escolinhas rurais prestavam sua lealdade ao programa de ensino (conteúdos adequados à realidade do aluno), bem como reverenciavam aos seus professores mais que à estrutura física do prédio escolar, pois quase sempre era precária. Mas hoje, tenho ouvido pais “moderninhos” dizerem: “meu filho é da escola fulano, ou beltrano, ou cicrano”. Esse esnobismo levou-me a concluir que é sempre um problema sério quando os pais se deixam atrair mais pela estrutura física e pela fachada da escola, ou seja, pelo prédio e sua localização, do que por um programa de ensino coerente e bons professores; ou quando são divididos em sua lealdade diante das obrigações reais da sociedade; ou quando estimulam seus filhos a se empenharem em competições por status e louvor da parte dos colegas, ao invés de estimularem-nos a participar de grupos de estudos para ajudar os que têm dificuldade, preferindo ainda a admiração e a adesão fúteis e tolas a tudo que entra na moda, ao invés do conhecimento acadêmico necessário.
O deus deste século, que é a presunção, cega de modo completo a mente dos adolescentes em relação ao que é de fato necessário. Claro está que se precisa de um pouco de vaidade e magnificência que se pode, como alunos diferenciados, adquirir. O poder de pensar alienadamente, a habilidade de zombar das grandes questões, o domínio dos neologismos e gírias – tudo deve ser adquirido. Mas, sobre tudo isso, deve estar a coerência plenamente revelada por alguém que frequenta uma escola de verdade, que prioriza os conteúdos adequados à sua realidade ante às formas elitizadas.
Falando em escola de verdade, a falsa é aquela que promove mais o uniforme e o luxo dos seus alunos, do que o saber para um viver de qualidade. Ela geralmente prefere estimular sua clientela a entregar a mensalidade em dia, do que a estimular ao bom senso. Nela, o amor ao reconhecimento corre em competição com o enfadar-se do conhecimento. É nesse processo que os professores são a medida da escola toda; são aqueles que desejam os aplausos dos alunos, o que não é necessariamente um erro. É parte de nossas necessidades básicas de aceitação. É claro que não devemos ser indiferentes a aprovação pessoal, mas essa deve estar subordinada à responsabilidade da realização competente do trabalho pedagógico. Fazer de nosso grande objetivo na vida agradar a alunos, por meramente agradá-los, ou garantir favores, ao invés do cumprimento do nobre dever, é indigno de nós como mestres, sendo também uma escolha fatal.
Não é bom que ganhemos a concorrência com os colegas em nossos desejos egoístas. Existir para ser útil ao próximo, muitas vezes, requer que fechemos nossos olhos e ouvidos aos aplausos dos demais. Se queremos viver genuíno magistério, temos de nos haver com esta questão de autoestima. Todos nós ansiamos pela pobre opinião dos homens, desde que esta nos aprove. Por isso, a tentação de procurar honrarias da comunidade escolar está tão perto de todos nós, professores, pais e alunos, que deve merecer cuidadosa consideração.
De todos os fatores que determinam nossa posição como professor, pais e alunos, o que realmente importa é a estima que alcançamos da parte do trabalho responsável e do comprometimento com o produzir.
Encaminhamento de percepção
1-Você estudaria em uma escola só pela fama? Conceitue uma boa escola.
2-Quem tem mais valor: um professor bem estabelecido na profissão ou um prédio bem estruturado e conservado?
3-Como a presunção pode cegar a mente para o necessário?
4-Quem deve ganhar na competição entre o amor ao reconhecimento e o transmitir com responsabilidade o conhecimento?
5-Por que a tentação de procurar honra não deve ser ignorada?
6-Até que ponto o professor coopera com o prestígio da escola?
7- Faça uma ilustração para a crônica que acabou de ler.