CARPE DIEM

CARPE DIEM – APROVEITE O DIA

“Ou eu encanto a vida ou desencanto a morte.”

Paulo Diniz

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Álvares de Azevedo morreu com 20 anos, Cassimiro de Abreu morreu com 21 anos, Junqueira Freire morreu com 23 anos, Castro Alves morreu com 24 anos, Fagundes Varela morreu com 36 anos. O ancião dessa geração foi Gonçalves Dias, que morreu com 41 anos. Essa turma é a responsável pela introdução e consolidação do romantismo no Brasil. Curioso, não? Intrigante também, não? Ler a Lira dos Vinte Anos, Suspiros Poéticos e Saudades, Canção do Exílio, o Navio Negreiro e outras tantas obras que até hoje nos encantam, não comunga com a rápida passagem desses talentos pela vida. E eram românticos. Românticos, a ponto de não suportar o peso da vida mundana.

Encontraram nas letras, nas aventuras literárias, na bebida e na boemia, refúgio para seu inconformismo com o individualismo, consumismo e egoísmo que estavam se firmando no mundo quase todo. O século XIX foi o mais revolucionário de todos os tempos, do ponto de vista de criação de técnicas, de rupturas com sistemas políticos, com regimes econômicos. Invenções a todos os instantes, descobertas na medicina, na agricultura, na indústria, no comércio, na movimentação de populações de forma avassaladora rumo às cidades. Hoje só atualizamos tudo a todo instante. Mas a criação, o boom das ciências, foi naquele período.

O lema entre eles era o “Carpe Diem” (colha o dia ou aproveite o dia). Viver cada momento o mais intensamente possível como se não houvesse amanhã.

Ah, as silenciosas crises existenciais por que passa a humanidade! Não me refiro a umas pessoas. Falo de uma época que deixou vestígios imperceptíveis para a maioria da população, mesmo silenciosos e cegos, deixaram a sua marca.

Os românticos todos, de todas as épocas retrataram essa angústia de forma individualizada. Era um pessimismo, um apego às coisas da morte como tentativa de salvar a vida, de resgatar a humanidade de um buraco sem fim em que ela se metia, na visão da maioria deles.

O “Carpe Diem” foi expressão cunhada na antiguidade pelo poeta Horácio e foi retomado no período árcade-romântico da literatura, como símbolo da certeza da inexorabilidade da vida.

E o que tem isso a ver com os jovens que estão se rendendo à morte tão cedo em nosso tempo? Há paralelo? Há ecos, busca de reconhecimento? Não é uma fase de formação de idéias, consolidação de caráter, de fervor e inquietação permanente?

Ajuda aí, caro leitor!

josé cláudio Cacá
Enviado por josé cláudio Cacá em 02/07/2009
Reeditado em 02/07/2009
Código do texto: T1677997