Carta Demissional ao Amor
Decidi deixar-te, amor.
Como é do seu conhecimento, venho manifestando minha forte objeção quanto à decisão de tão abnegadamente me entregar dia após dia na esperança de um dia ter soldo que valha ao viver. Tens ciência de que não tenho aptidão ao exercício da função "amante", tampouco ao ser "amada"; a despeito das ações involuntárias de meu coração que ignorante de minha sorte tem instado a me lançar em teus braços sem que no entanto estejamos preparados um ao outro, sabemos amor que a despeito disso e não por falta de intentos não vivemos em consoância.
Quando eu quero descanso tu me inflamas em paixão.
Quando me inflamo em paixão tu me resfrias em rotina.
Quando me apascento em rotina e me conforto na segurança da verdade, então você me requer outra coisa qualquer em níveis que ainda não consigo alcançar.
(Não tome isso como desistência, de fato o é, mas não o diga, tu me conheces amor e bem sabes que não tenho resistência a desafios e uma parte de mim se veste de orgulho nessas noites quentes de verão).
Percebes quão divergentes têm sido nossos passos?
Esta discordância fez com que minha posição na rotina do viver atingisse um ponto intolerável, razão por que prefiro deixar-te imediatamente e evitar uma convivência nesta atual atmosfera de desconexão.
Tenho certeza de que concordará comigo que este é o melhor caminho.
Pelo exposto, será melhor se eu puder ser dispensada imediatamente, sem cumprir o período de aviso prévio.
Assim entrego a função e tentarei a sorte noutro ramo.
Desejo-te sucesso amor, contudo não te desejo mais.
Atenciosamente,
Ingrid Fernandes