CARNAVAIS DE SALÂO.

Carnaval de salão em Belém do Pará, até os anos sessenta, quando eu morava lá, era um beleza! Animadíssimos, os bailes tradicionais ocorriam no Pará Clube, na Assembléia Paraense, no Automóvel Clube, no Bancrévea, no Caixaparah e no Clube do Remo. Imperdíveis, por concentrar gente bonita, principalmente do sexo oposto ao meu, eram os bailes do Parque da Aeronáutica, do Clube dos Sargentos da Base Aérea e do Círculo Militar..Durante o reinado de Momo, minha prioridade número um era economizar cada centavo para comprar convites, mesas e fantasias para os bailes. Até namorado ficava em segundo plano. Eu não gostava de pular carnaval acompanhada de ninguém, muito menos sob olhares ciumentos de namorado! Liberdade de movimento no salão para mim era fundamental. Não tomava uma única gota de álcool e tão pouco fumava. Era alegria pura. Invariavelmente, os bailes começavam com a orquestra tocando o Zé Pereira. Na seqüência, vinham as marchas, Cabelereira do Zezé, Cachaça, Me dá um dinheiro aí, Maria Candelária, Abre Alas, Alalaô, Sassaricando e outras...Para dar um descanço, vinham as músicas mais lentas, como Bandeira Branca, As pastorinhas, Praça Onze, Máscara Negra...Quando já começávamos a querer parar, a orquestra mandava ver nos frevos. O Vassourinha era uma loucura, até hoje ainda mexe comigo..Em 2007, desconjuntei meu joelho, dançando este frevo na abertura do carnaval em Olinda. E para encerrar, o tradicional Está chegando a hora...Da minha parte, já estava esquentando as baterias para o próximo baile ou já sentindo a saudade chegando no peito. Era esperar até o próximo carnaval.

Hoje, não tenho mais motivação para brincar. As músicas não são convidativas.Não gosto de axé e companhia. Só mesmo a saudade dos velhos carnavais.

Conceição Gomes.