Fases
Águida Hettwer
A criança que vive em mim, faz manha para não querer dormir. Ainda é cedo para a realidade. Mesmo sentando-me alinhada, vestida a rigor de colégio de freiras, compenetrada nas lições. Prefiro a interrogação a o ponto final. De água benta, banhava a fronte em respeito à tradição. Talvez quisesse quebrar as regras, sem ter noção.
O peso da xícara de chá faz-me dosar o afeto contido, nas histórias que ouvia na companhia das minhas ilusões. Entre as lascas de lenha queimando ainda restaram fagulhas de emoções. Acima do rústico fogão, varais estendidos de lembranças. Nas arestas do tempo, o pensamento desenhava as linhas no papel.
Bordando vozes e cenas, vou contando casas, nos quadrados de cânhamo das minhas inquietações. Quisera no pátio da infância pisar fora da calçada, sem que a mãe ralhasse, por tanta proteção. Permitindo-me esfolar o joelho, caindo de bicicleta até aprender. Dando asas ao sonho, sem medo de sofrer.
Mesmo com tanto reparo, não me converti às tragadas do cigarro, foi apenas curiosidade que dá e passa. Lembro-me, com riso no canto dos lábios, juntava a mesada, para comprar camiseta de “Metaleiro”. Hoje nem de brinde no um e noventa e nove, não usaria. São as fases da vida!
Contando até dez, brinco de esconde-esconde com as letras. Faço careta para o mau-humor, desafio a monotonia, rezando um terço pela vida. Aprecio o silêncio demorado da memória, onde minhas doces lembranças não envelhecem no porta-retrato do tempo.
30.06.2009
Águida Hettwer
A criança que vive em mim, faz manha para não querer dormir. Ainda é cedo para a realidade. Mesmo sentando-me alinhada, vestida a rigor de colégio de freiras, compenetrada nas lições. Prefiro a interrogação a o ponto final. De água benta, banhava a fronte em respeito à tradição. Talvez quisesse quebrar as regras, sem ter noção.
O peso da xícara de chá faz-me dosar o afeto contido, nas histórias que ouvia na companhia das minhas ilusões. Entre as lascas de lenha queimando ainda restaram fagulhas de emoções. Acima do rústico fogão, varais estendidos de lembranças. Nas arestas do tempo, o pensamento desenhava as linhas no papel.
Bordando vozes e cenas, vou contando casas, nos quadrados de cânhamo das minhas inquietações. Quisera no pátio da infância pisar fora da calçada, sem que a mãe ralhasse, por tanta proteção. Permitindo-me esfolar o joelho, caindo de bicicleta até aprender. Dando asas ao sonho, sem medo de sofrer.
Mesmo com tanto reparo, não me converti às tragadas do cigarro, foi apenas curiosidade que dá e passa. Lembro-me, com riso no canto dos lábios, juntava a mesada, para comprar camiseta de “Metaleiro”. Hoje nem de brinde no um e noventa e nove, não usaria. São as fases da vida!
Contando até dez, brinco de esconde-esconde com as letras. Faço careta para o mau-humor, desafio a monotonia, rezando um terço pela vida. Aprecio o silêncio demorado da memória, onde minhas doces lembranças não envelhecem no porta-retrato do tempo.
30.06.2009