Bolo Reciclável
22/02/07
Bolo Reciclável
De sol a sol, os catadores de lixo andam pelas ruas, incansavelmente, a procura de algo prestável para sua sobrevivência, nos lixos domésticos.
Abrem e rasgam os sacos até encontrarem o seu sustento. Aqueles que não lhes interessam, deixam-nos largados pelo chão, deixando-o feio e sujo, contrário à proposta de uma cidade limpa e não poluída, de um meio ambiente saudável.
Isso acontece porque os moradores não têm consciência de separar as espécies de produtos. E esses mesmos “desconscientizados” reclamam da desordem e sujeira urbana.
Certo dia, um dos catadores, morrendo de fome, quase desmaiando de tanta fraqueza alimentar, encontrou uma certa quantidade de resto de comida jogada num saco plástico. Não resistiu e levou para casa, repartindo com sua esposa, que recebeu o alimento com gratidão, louvando a Deus e até rezando pela dona do lixo, que sem pensar, forneceu um pão nosso de cada dia aos famintos.
Dessa mistura toda, a esposa fez um delicioso bolo. Realmente estava com excelente aspecto. Ou o tempero era a fome? Quem vai saber?
Cada um comeu seu pedaço, menos o pai da família, que preferiu saciar a fome da esposa e filhos. Depois, se sobrasse, comeria um pedaço.
Quando todos se fartaram da comida, cada um passou mal, da menor a mais velha, com exceção do pai.
O que terá acontecido?
Comeram demais? Mas era tão pouco...
Ou os estômagos se acostumaram com o vazio da vida?
Foram todos para o hospital, levando o resto do bolo para exame.
O resultado atestou que a massa estava contaminada com salmonela, veneno e todas as bactérias mortais que existem.
A filha mais nova não resistiu, morreu em segundos no hospital. A adolescente está entre a vida e a morte, lutando para sobreviver.
Esta história é muito triste, mas eu conto para que todos cooperem com a organização urbana, separando os lixos em espécies.
E se meus queridos leitores, por acaso conhecerem alguém que faz bolo de cascas, doem as cascas, pois tudo se transforma, nada deve se perder.
Mas previno: tudo tem de ser limpinho e realmente reaproveitável para que não aconteça mais esta tragédia familiar.
Sugiro ainda que os órgãos públicos criem mecanismos de separação dos lixos, distribuam folhetos explicativos, para que a população aprenda que está prejudicando a si e aos outros, quiçá, a gerações futuras, e, depois de os cidadãos conscientizados, estabelecessem multas para o descumprimento da legislação a favor do meio ambiente para que o conjunto de condições naturais e de influências que atuam sobre os organismos vivos e os seres humanos esteja em harmonia.
Adriana Quezado
XXVIII CONCURSO INTERNACIONAL SÃO PAULO BRASIL JUNHO DE 2009
Classificada: 3º