Festas Juninas
Há alguns dias atrás, passando por uma residência do bairro onde moro, eu ouvi um trecho de uma música que me levou até os meus tempos de criança, na Vila Industrial. Mais precisamente, na Rua Carlos de Campos. A melodia dizia assim:
Eu pedi numa oração
Ao bondoso São João
Que me desse um matrimônio.
São João disse que não
São João disse que não.
Matrimônio, matrimônio,
Isso é lá com Santo Antonio...
E através dessa música eu voltei aos meus 10 anos, em 1944.
A minha rua era cheia de festas nesse mês de junho. Nela moravam muitos Antonios, Joões, e alguns Pedros. Recordo-me das festas na casa do Sr. João Teixeira. Era ele um negociante da minha rua.
Sim, naquela época, negociante era ser dono de armazém, ou venda, onde se vendia de tudo a varejo, desde bacalhau a pedra de isqueiro.
O Sr. Teixeira era o chefe de uma grande e distinta família. Às suas festas, todos da minha rua e de outras também compareciam.
Dia 24 de junho. Como fazia frio naquela época do ano.
O inicio dos festejos acontecia por ocasião de uma reza, às 19:00 h, e a fogueira era iniciada após as orações, já com grande quantidade de pipocas, batatas assadas, muito quentão, pinhão e amendoim torrado.
Ai pelas 20:30 h era o momento de levantar o mastro, ocasião em que a figura dos três Santos, nas mãos do dono da casa, dava três voltas em torno da fogueira.
E todas as mães que tinham filhos pequenos e que estavam demorando a falar ou andar, acompanhavam as três voltas com as crianças no colo, pedindo ao São João que intercedessem por seus filhos, e acreditem, eram sempre atendidas.
Depois, o Sr. João Teixeira levantava o mastro e soltava três rojões de tiros, e estava iniciada a festa.
Acreditem, a emoção foi muito grande por ter voltado ao passado em que fui muito feliz, isso há 65 anos.