Aula de anatomia?

Perguntei a meus alunos:Para que servem os braços?O engraçadinho logo soltou que é para as mulheres pendurarem a bolsa. Outro disse que eles servem para carregar coisas grandes.Alguém lembrou que mães embalam crianças nos braços.

Um gesticulou, dizendo que eles ajudam a pular. E outro emendou: na hora da queda, eles é que vão te segurar, pra não se esborrachar. Todo mundo riu e muitos levantaram o braço, queriam opinar.

Ih! Professora! Quando mamãe está brava, ergue o braço. Sei que ela quer me bater! Toda vez que eu ganho no jogo, levanto o braço! Na hora do gol, a galera levanta os dois braços e chacoalha no ar...

É aqui no braço que temos o muque, a nossa força. Olha só o meu! E o meu! O meu é maior! É nada! Eu sou mais forte! Vamos resolver no braço? Tá bom, topo tirar uma queda-de-braço!

Antes que descessem o braço um no outro, achei melhor que medissem forças. Chamei os dois valentões e eles se sentaram frente a frente. A classe, em alarido, se dividiu em dois grupos. Colocados os cotovelos na mesa, deram-se as mãos. Respiraram fundo. O silêncio reinou. A “luta” começou. Depois que forçaram, forçaram até ficarem vermelhos, o mais forte dobrou o braço do outro. Pronto, acabou. A torcida vibrou!

Mandei todos de volta a seus lugares, e pedi que os lutadores se abraçassem. Mesmo sem graça, aceitaram. A classe aplaudiu!

Retomei a palavra. Avisei que no dia seguinte continuaríamos o assunto. Mas de modo diferente, ninguém ia ficar de braços cruzados. Falaríamos deles em outras situações. Braços fortes, braços estendidos, braços abertos. Braços em abraços, como laços, apertados, que nos seguram para não deixar cair. No chão, em depressão ou em tentação. E daqueles envolventes, amorosos, que enlaçam a gente, confortando nosso coração em momentos de ternura, de grande tristeza, ou desilusão.