GU


          Trinta de junho de dois mil e nove, a Gu completa trinta e quatro anos.
 É minha filha do meio. A vida é um milagre, lembrando aquele entardecer em que eu e meu pai sentados defronte da janela, um silêncio à nossa volta...
          Hoje, em que daqui a uma meia hora, ela aniversaria....
 Naquela véspera do seu nascimento, eu trocava olhar com o entardecer e com o meu pai, e nos comprendíamos... e vivíamos aquele momento... Ele , sabe lá quanto e tal amor sentia? Nunca saberei, mas sentia e, possivelmente, eu estava certa. Ele passava apoio sem nada dizer e menor era o medo que eu sentia de morrer na operação na manhã seguinte... Ele sempre foi "a galinha cuidando dos seus pintinhos"... Meu pai... Minha filha... Ele estava tão presente naquela noite. Ele não está vivo mas está presente ainda hoje no amor e na minha vida. Ele estava presente comigo esperando a neta nascer. Onde estava o pai dela? Não sei...

          Que dimensões misteriosas tem o amor!

          Agora amo minha filha e escrevo no escuro  aguardando os minutos que completarão o seu aniversariar. Nosso costume é cantar os parabens acordando o aniversariante cantando e o cobrindo de presentes, comemorando o dia do seu aniversario, festejando a vida.
          
          Eu estou e sou preciosa. Meus filhos saberão o quanto quando eu não estiver mais aqui. Eu estou feliz apenas por que estou com meus filhos e tenho sabedoria em sentir e saber estas coisas. Isto importa e sei o que é. Eles saberão também na sua vez.

          Feliz aniversário, minha filha!