Minha velha Olivetti
1. Na minha vidinha de obscuro escriba, antes de aderir ao computador, tive três máquinas de escrever.
2. A primeira, uma Olivetti portátil. Ela me acompanhou nos meus vinte e tantos anos de jornal e rádio; ora como copidesque, ora como redator. Eu a adorava.
3. Quando, por motivos irremovíveis, tive que me afastar das redações, decidi aposentá-la: minha velha Olivetti já não tinha a vivacidade e o vigor de que eu precisava para, mesmo longe das redações, continuar escrevendo, todos os dias, longos textos. Ela cansara...
4. Cuidei de preservá-la, guardando-a em um lugar seguro, no meu gabinete de trabalho.
Sempre que nos encontrávamos, ela me trazia de volta boas e doces lembranças e recordações de momentos azedos que, juntos, enfrentamos na "guerra" dos primeiros tempos...
5. A segunda máquina. A marca? A marca? Não me recordo! Sei que ela não me agradou.
Rejeitei-a e parti para a terceira máquina, uma Sharp elétrica que, também, não gostei. Suportei-a, até adquirir o meu primeiro computador.
6. Conquistado definitivamente pelo computador, resolvi doar minha Olivetti. Doar, de preferêmcia, a uma pessoa que gostasse de escrever e não tivesse condiões de comprar uma máquina nova. E foi o que fiz.
7. Lembro-me, com saudade, da tarde em que ela se foi. Levava no seu teclado, já bem amarelado, muito da minha pobre e insignificante história. Vendo-a nos braços do novo dono, quase chorei... Dela me despedi, prometendo que, qualquer dia, lhe prestaria, publicamente, uma homenagem.
8. O saudoso jornalista David Nasser reverenciando sua surrada Royal-1937, escreveu: "Trocamos confidências e de tal forma nos identificamos, que passei a pensar com os dedos e ela a adivinhar meus pensamentos." Entre minha velha Olivetti e eu, acontecia o mesmo.
9. Posso garantir que os encantos que a todo instante o computador oferece, não me fazem esquecer minha primeira máquiana de escrever, minha velha Olivetti... Com essa declaração de amor, rendo-lhe minha homenagem, e pago minha promessa.
1. Na minha vidinha de obscuro escriba, antes de aderir ao computador, tive três máquinas de escrever.
2. A primeira, uma Olivetti portátil. Ela me acompanhou nos meus vinte e tantos anos de jornal e rádio; ora como copidesque, ora como redator. Eu a adorava.
3. Quando, por motivos irremovíveis, tive que me afastar das redações, decidi aposentá-la: minha velha Olivetti já não tinha a vivacidade e o vigor de que eu precisava para, mesmo longe das redações, continuar escrevendo, todos os dias, longos textos. Ela cansara...
4. Cuidei de preservá-la, guardando-a em um lugar seguro, no meu gabinete de trabalho.
Sempre que nos encontrávamos, ela me trazia de volta boas e doces lembranças e recordações de momentos azedos que, juntos, enfrentamos na "guerra" dos primeiros tempos...
5. A segunda máquina. A marca? A marca? Não me recordo! Sei que ela não me agradou.
Rejeitei-a e parti para a terceira máquina, uma Sharp elétrica que, também, não gostei. Suportei-a, até adquirir o meu primeiro computador.
6. Conquistado definitivamente pelo computador, resolvi doar minha Olivetti. Doar, de preferêmcia, a uma pessoa que gostasse de escrever e não tivesse condiões de comprar uma máquina nova. E foi o que fiz.
7. Lembro-me, com saudade, da tarde em que ela se foi. Levava no seu teclado, já bem amarelado, muito da minha pobre e insignificante história. Vendo-a nos braços do novo dono, quase chorei... Dela me despedi, prometendo que, qualquer dia, lhe prestaria, publicamente, uma homenagem.
8. O saudoso jornalista David Nasser reverenciando sua surrada Royal-1937, escreveu: "Trocamos confidências e de tal forma nos identificamos, que passei a pensar com os dedos e ela a adivinhar meus pensamentos." Entre minha velha Olivetti e eu, acontecia o mesmo.
9. Posso garantir que os encantos que a todo instante o computador oferece, não me fazem esquecer minha primeira máquiana de escrever, minha velha Olivetti... Com essa declaração de amor, rendo-lhe minha homenagem, e pago minha promessa.