Eles Não Bebem Black Label.

Alexandre Menezes

Provavelmente se a fusão fosse apreciada por outras pessoas a mistura teria outro nome. Seria um drink de nome exótico, inspirado por algum lugar paradisíaco ou quem sabe por um filme ou pessoa importante. Escorado no balcão pediu um “traçado”, pinga com qualquer vermute barato, que nunca fez questão de escolher. Ardia pelo seu corpo bastante cansado a força que fizera para o muro ser rebocado e,na sua mente, a lembrança do serviço que ficou por fazer.

Mais quatro ou cinco doses para a digestão de um ovo que fora com massa de quibe empanado,trabalhara todo o dia desconcentrado porque também tinha para digerir problemas demais. Sem carteira assinada, era serviço empreitado, caso não fosse teria largado, havia recebido adiantado e, para ele, enganar as pessoas é coisa que não se faz. Sem importar com os 6 meses que havia parado, apontou para o maço de um produto importado e juntou ao seu fim de tarde cigarros do Paraguai.

Mentiu, se falasse a verdade ficaria envergonhado, contou para o dono do quiosque que algo na obra fez seu olho ficar irritado, quando o aspecto vermelho foi questionado, na realidade, ele havia era mesmo chorado, ao lembrar da infância e da terra dos seus pais. Lembrou também que ao sair de casa ele havia jurado que para calar a todos só voltaria endinheirado mesmo que preciso fosse vender a alma ao satanás.

Naquele mesmo balcão, após várias doses, decidiu que assim que o serviço fosse então terminado iria engolir o orgulho, esquecer as intrigas e as bobagens que havia falado, apesar de não retornar bebendo uísque com energético enlatado, é que o desejo de viver na cidade grande não existe mais. Vivera um pesadelo e não o que havia sonhado, honraria o que seus pais haviam ensinado, não levaria na bagagem seu nome manchado, coisa que os ricos têm na cidade desde os seus ancestrais.