QUEDA DE BRAÇO
 
 
            Uma queda de braço consiste, basicamente, numa disputa masculina de sabor de desafio e violência entre dois homens, coisa típica deles que adoram medir forca, ou quem é mais que o outro. Homem é muito engraçado, sentam-se numa mesa de bar, ou de qualquer superfície, apóiam os cotovelos com firmeza, dão-se as mãos bem agarradas e cada um puxa a mão do outro de encontro à superfície sólida , no intuito único de torcer o punho do companheiro e derrotá-lo e vangloriar-se em quem é o melhor entre os dois.
            Homem tem muito disso, esse sabor de quem é o melhor, quem é mais, quem urina o jato maior e alcança mais distância do alcance do seu jato de mijo, quem tem o pinto maior, discutem centímetros de mira. Quem trai mais, qual é o mais traído, quem ganha mais dinheiro, que é o mais forte. Quem vence uma guerra. Quem transa melhor, quem se sai melhor,  quem é o melhor. E todos os seus comparsas se não fazem o mesmo, torcem pelo lado que mais se identifica.
         A meu ver, é coisa especificamente masculina, como dois machos que disputam uma fêmea e se defrontam para ver quem se sai melhor e qual o garanhão e o vencedor.

            Ao meu olhar de mulher, acho essa atitude uma bobagem, uma infantilidade de meninos. Mas ao homem pesa muito esta luta permanente de competição ao poder, de ser o mais bem sucedido. E, se ele logra quase sempre o fracasso em sua vida, ele encontra algo ao seu alcance, em que ele pode se mostrar melhor que o outro.
Ai a queda de braço se torna mais sutil. Ao homem interessa a vitoria ou o sentimento de vitoria.  Detesta ficar por debaixo. Ele quer o mando. O poder.

            Talvez tais atitudes sejam mesmo uma característica da condição de ser o macho, o mais forte que protege a família ou o seu bando, ou o seu povo, o mais capaz , o que prevalece, o dono da verdade, ou o que mais conquista as mulheres, o que mais estupra, ou o que mais mata. Mesmo o homem mais sadio e normal, ser mais na sua especialidade é bem uma característica sua.
 
            Mas há uma coisa muito bonita entre eles, que é o oposto da queda de braço, é a camaradagem entre eles, e a amizade de amigos, e a lealdade ao amigo e, se participam de uma mesma empreitada, ele é o maior entusiasta do feito glorioso do seu companheiro. Numa partida de futebol, quando o companheiro faz o gol, os demais jogadores do time o cobrem de abraços emocionados de um amor maior de triunfo e gloria e alegria por ser seu companheiro o autor do feito e da vitoria.
 
            Por tudo isso eu acho o homem uma coisa linda. A mão firme e forte dele é um amparo e um acolhimento. Seu peito forte inspira entregar-se à sua confiança.
            O homem que não e só um animal, que não é um bandido, que não é dono do poder, o homem que é sadio de mente e de corpo, e é capaz de amar, o homem inteligente, o homem poeta, o homem que ri e que sorri, aquele que tem um bom humor, que troca em palavras um diálogo interessante, que dança e brinca que ama com respeito e admiração a sua companheira, o homem que não é temido por ser homem, este é o homem, é o puro charme, é o encanto num simples gesto e, num mero olhar, puro e verdadeiro... Ah! Este é o homem encontrado, é o encanto, é o bom da vida, com este é que a mulher se entrega, pois encontrou a felicidade.
 
            Eu não sei entender os homens, pois o meu olhar é o do amor. Nada vejo como competição ou ser mais que ou quem, ao contrario, vejo o melhor de quem tenho a minha frente. 
              E mãos são para se dar, se estender ao outro, ou para abraçar e trocar o conforto, Mãos que se unem são para acolher e confiar.