Vamos bailar la Polka?

De cada três ou quatro meses eu viajava para o Paraguai à negócios. Mas vida é vida, nunca sabemos quanto ela dura e o que está por acontecer, temos que aproveitar as chances que nos aparecem. Pensando nisso, nas minhas viagens sempre eu unia o útil ao agradável, aproveitava o tempo de folga para me divertir. Outra coisa que sempre tive na mente, é o fato de que tempo perdido não se recupera jamais, o que me faz lembrar de uma frase de alguém: “Uma transa adiada é uma transa perdida”.

Não gostaria de lembrar no futuro, um passado de oportunidades perdidas. Não me lembro de me ter escapado alguma chance, ressalvando os limites, é claro.

Em Asuncion, eu tinha até uma namoradinha para passar o tempo.

O hotel em que me hospedava, eu o descobri por acaso. Era um hotel localizado no centro, na praça México. Quando eu o avistei, entrei para saber o preço da diária só por curiosidade. Eu já estava hospedado em outro Hotel não muito distante, mas pagava um preço bem mais alto.. O preço pela diária completa com café da manhã, almoço e jantar era nada menos que um terço da diária cobrada no hotel em que eu estava hospedado. Não pensei duas vezes; fui logo pegar minhas malas e já me hospedei nesse novo hotel. As seis horas da tarde começou o jantar. Jantei e não reclamei da comida. Depois do jantar fui ao meu quarto escovar dentes e me aprontar para dar umas voltas, Ao sair do quarto deparei com as garçonetes que afastavam as mesas para um canto do salão; mais acima havia um tablado. Muito curioso perguntei para uma das moças porque afastavam as mesas. Ela respondeu-me que todas as noites o hotel promovia um baile.

Surpreso, perguntei quanto custava para se divertir e outras coisas mais a respeito de mulheres, tendo recebido as melhores informações possíveis. Só paga a bebida que consumir e para quem está hospedado, pode levar a mulher que quiser para o seu quarto.

Veja bem: quando não se procura é que se acha. No outro hotel eu me encontrava completamente tristonho por não conhecer algum lugar que eu pudesse me divertir. Por acaso encontro um hotel popular, barato e nem precisava sair, ali mesmo eu teria divertimento.

As mesas já estavam afastadas para os cantos do salão dando lugar a uma bela pista de dança.

Às oito horas da noite começava a festa. Dezenas de mulheres de toda a espécie iam chegando e aos poucos enchiam o salão. Para ficar com uma delas, era só pagar uma pequena taxa e levá-la para o quarto. Um conjunto de músicos animava a festa tocando o rítimo da “polca” paraguaia, na maioria das vezes. De vez em quando se intercalava alguma música lenta para descansar os dançarinos.

Em cima do balcão, entre outras bebidas havia a “cana paraguaya”, era uma bebida parecida com a nossa cachaça, mas tão boa que poderia até ser comparada com algum whisky, (ela tinha uma cor escurecida e tomava-se com gelo) cujos litros ficavam em cima do balcão do bar, para os clientes servirem-se à vontade. O barman ficava atento, em cada dose servida, ele marcava duas ou mais, dependendo do estado em que se encontrava o cliente. Porém, no acerto de contas é que a gente levava um susto de arrepiar.

Uma paraguaia veio me puxar para dançar a polca, mas o problema é que eu nunca havia dançado esse rítimo. Até que eu não era tão ruim de dança, pois fui freqüentador de clubes e até de “gafieiras” em São Paulo e não me considerava mal dançarino, mas polca... Ela não esperou eu resolver, me puxou pelo braço levando-me para a pista de dança e falou: “voy enseñar usted a bailar la polca; venga”. Lá fui eu arrastado pela mulher para o meio do salão, já dançando a polca.

“Roda pra cá, roda pra lá, só parávamos nos intervalos para tomar uma “cerveza ou uma caña”.

Eu já estava ficando tonto não só pelas bebidas, mas por rodar pião no meio do salão. Lá pelas tantas da madrugada, ainda dançava com a ”chica”. Nem sei como terminou tudo. No dia seguinte foi que dei conta de mim. Abri os olhos sentindo a cabeça pesada; “êta ressaca brava”. A minha maior surpresa foi quando olhei para o canto da cama. Lá estava a garota deitada dormindo o sono dos justos e, por ser cama de solteiro, eu estava quase em cima dela. Mas a surpresa maior foi em sentir meus pés esbarrando em alguma coisa macia nos pés da cama. Até que estava gostoso... Com algum sacrifício, levantei a cabeça para olhar o que estava acontecendo, já imaginaram? É isso mesmo, outra garota deitada nos pés da cama e os meus pés resvalando nos peitos dela.

O que fazer? Do jeito que eu estava... Nem imaginar!

Luiz Pádua
Enviado por Luiz Pádua em 29/06/2009
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