“Comme d’habitude”

Fixar imagem de político populista não deveria ser levado a sério por ninguém. A santificação pode ser enganosa demais para qualquer processo democrático. Estão aí e há muito tempo, na história política, não apenas do Brasil, mas do mundo todo, as imposturas políticas transvestidas de um populismo baboso e absolutamente indesejado. Às vezes eu tenho a impressão de que a ideia mais forte dos cidadãos mais incultos é exatamente não ter ideias. É essa falha monstruosa da população mais carente que os populistas aproveitam, para dirigir os comandados com a força de suas enganações. Esses velhos hábitos sóciopolíticos ainda não perigam caducar. Os tempos estão parindo novos tempos e transformando o horizonte de incertezas de ontem no caminho e na direção certos do hoje.

Não há época melhor para se enxergar todas essas mazelas sociais como esse tempo de crise mundial. Parece que nessas horas os olhos da humanidade se aguçam mais e enxergam melhor. Ainda bem! Dos males, o menor.

Para viver diante de restrição de crédito na ilógica mensagem dos discursos políticos diante de tantos frutos democráticos bizarros, resta-nos apenas deliciarmos com a única cereja do bolo ofertado e sairmos da festa com a sensação nem tão verdadeira do “valeu a pena ter vindo e ter visto”. Há oito meses que vivemos dentro dessa última grande crise econômico-financeira e ainda nos resta muito medo. Há uma tentação continuísta por parte de certos políticos habituados a velhos discursos que nos incomodam mesmo.

A cidadania não nos permite mais a aceitação passiva dos tais inquisitórios tão comuns aos habituês viciados no desmando e na contra-ordem. É aceitável que vivamos em um tempo diferente do velho tempo do passado, sem lei e cheio de desmandos. Mudamos e ainda carecemos fazê-lo bem mais.

Se há ouvidos cerrados às novas falas democráticas, paciência, mas sempre haveremos de enxergar belas luzes e tristes escuridões. Não podemos é nos habituar com a solidão medrosa dos que tudo temem pessimisticamente. Habitamos um patamar racional de crenças e de vontades.

Para finalizar esta crônica, eu me lembrei que os ares democratas de hoje tiveram seu início compulsivo nos idos de 1970. Ultrapassaram várias turbulências políticas mas chegaram até hoje. Diga-se sobre isso a República do Irã diante dos novíssimos acontecimentos eleitorais, que, vivendo entre a força de tais ventos e uma nascedoura contra-revolução, tem que se curvar ao melhor para o povo. Teocracia para os incrédulos é um contra-senso. Até os nossos velhos pecados estão sendo revisitados pelo olhar novo e transformador dos costumes que escolheram habitar entre nós, espero que para sempre!