“Eleição” de Chapa Única (Um paradoxo muito estranho!)
Por Claudeci Ferreira de Andrade
Consultando o dicionário Caldas Aulete, deparei-me com a palavra eleição com o seguinte significado: Escolha, por meio de votos, de pessoa para ocupar um cargo público ou privado. Então, pensei na maior conquista da educação pública! Ainda que, a realidade seja um paradoxo estranho!
A eleição direta para gestores escolares veio como um mecanismo de democratização dessa liderança. Um instrumento desse deve ser respeitado tanto por autoridades da escola como pela comunidade em geral. Do que adiantaria uma caneta na mão de um analfabeto? Mas, uma caneta na mão de uma pessoa letrada tem muito valor! No entanto, a diretiva de ação do processo eletivo está enferma, que opção têm os votantes em uma chapa única? Quando, porém, uma pessoa se depara com uma cédula de um quadrinho só, para marcar ou não marcar, sendo que o voto branco não é considerado válido, sente-se eleitora? ( O voto em branco não vai para nenhum candidato, ele é considerado inválido. Simples assim. (http://www.acidezmental.xpg.com.br/voto_nulo_e_branco.html). (acessado em 30/03/2013). Ainda mais, sabendo que em muitos casos, uma cédula em branco é o objeto de desejo incontrolável de corruptores que quase sempre têm um “jeitinho brasileiríssimo” para driblar o sistema de segurança. E para anular uma chapa única é difícil demais, pois o senso comum reza que “é melhor qualquer coisa que nada”, ou melhor, "mal acompanhado que só” e, ainda, a intromissão de um interventor mandado pela secretaria de educação nunca será bem vinda por motivos que a atual gestão com possibilidade de reeleição sabe elencá-los muito bem.
É muito discreta, nojentamente, e quase que imperceptível a transgressão quando um orientador diz, para um votante, num ambiente de eleição, com uma cédula de quadrinho único em mãos:
— Vai, é só marcar o quadrinho, só isso!
Quem o impedirá?
Eu também de olho no poder tentei formar uma chapa para concorrer à direção naquele ano, mas não consegui. O que de extraordinário tinha nessa minha intenção era oferecer mais uma opção em nome da verdadeira democracia. Todos os colegas que julguei adequados para trabalhar comigo, recusaram, fiz três convites e desisti. Tiveram medo: prefiro acreditar assim, do que pensar que duvidaram de minha competência; sendo uma coisa ou outra, sabemos que os medrosos sempre se tornam meros fantoches, e perdem o poder de escolha e até a individualidade. Aliás, escolher o que se a “opção” é única? A chapa única foi a realidade de muitos colégios por aqui! A ideia de democratização é isso? Gerar “livres agentes da passiva morais”!