Foi assim...

Certa manhã, ao dar um beijo em meu marido, ele gritou. Disse que tinha levado um choque! Fiquei desconcertada, chocada mesmo. Que novidade era aquela, será que não estava mais gostando dos meus beijinhos?... Só de raiva, resolvi dar outro, gostasse ele ou não. Mas tinha que ser de surpresa. Aguardei o memento propício e... pimba! Dei o bote. Desta vez eu também senti o choque.

- Foi o seu nariz, agora senti bem.

- Você acha que meu nariz dá choque?

- Sei lá, mas que deu, deu!

Que coisa estranha... Pusemo-nos a repetir a operação, mas nada aconteceu. Dei beijos de um lado e de outro no rosto dele, chegando devagar ou mais depressa. Nada. Experimentamos os beijinhos de esquimó, sem sucesso. Meu nariz tinha se desligado. Resolvemos, então, deixar as experimentações para mais tarde, quem sabe à noite os choques fossem melhores.

Naquela noite e nas que se seguiram sentimos diversos tipos de choque, porém nenhum tão eletrizante, tão autêntico como aquele primeiro, o da manhã da surpresa. Por fim acabamos nos esquecendo do incidente.

Até que um dia, estudando com algumas amigas, uma delas se abaixou para pegar uma caneta no chão, mas não dobrou os joelhos. Vendo-a naquela posição, não resisti e sapequei-lhe uma sardinha no traseiro. Ela deu um pulo acompanhado de um gritinho agudo. Com as mãos esfregava o lugar atingido, dizia: ai, parece que levei um choque!

Pronto! Lá vinha de novo a história dos choques. E agora não era o meu nariz, tratava-se da ponta dos meus dedos...

Dei-lhe outra sardinha, ela levou outro choque. Estava confirmado: eu dava choque!