Descalços de formalidades
Águida Hettwer
As comemorações e festas durante o ano me remetem ao acervo da infância. As faces pintadas, bochechas rosadas, riso facilitado pela diversão de vestir um personagem, confesso ter inveja da inocência de não parecer ridículo. Perco-me no fascínio do xadrez das roupas típicas, e os varais de bandeiras coloridas parece-me familiar ao um jardim florido.
Subo pelas escadas, para retirar dos livros, as emoções guardadas. Sou do tempo que marchar em sete de setembro era obrigatoriedade. E a minha baixa estatura fazia-me pagar prenda na ultima fileira, exceto quando saltitava de baliza, com direito a saia branca de pregas e cacharel vermelha.
Ainda espio nas frestas da memória, buscando pelas bordas, histórias inacabadas para relatar. A fértil primavera desabrocha em flores campesinas, nos jardins suspensos da existência de cada um. E nada melhor que um dia após o outro, para pisar de pés descalços de formalidades, deitando ao lado da intimidade. Simples como respirar.
Talvez não precisássemos, inventar uma dor, para justificar as lágrimas, e nem fingir que não conhecemos um ao outro, quando esbarramos nas esquinas da vida. Os disfarces poderiam ser lavados com água e sabão, revelando o que realmente somos. As luvas podem aquecer as mãos no inverno, mas nos impedem de ações objetivas.
O coração quando ama, atravessa a rua, sem migrar de casa. Estende a toalha molhada na cama de propósito, torcendo para ser xingado, pois quem ama repreende. E quem é repreendido rouba beijo para ser perdoado. No amor, a tolerância, torna-se desculpa prévia do erro. E mesmo no amor há maturidade um dia estaciona, e aprendemos a não nos contentar com o mínimo, depois de conhecer o máximo.
Quem ama não se exila. Esparrama-se!
27.06.2009
Águida Hettwer
As comemorações e festas durante o ano me remetem ao acervo da infância. As faces pintadas, bochechas rosadas, riso facilitado pela diversão de vestir um personagem, confesso ter inveja da inocência de não parecer ridículo. Perco-me no fascínio do xadrez das roupas típicas, e os varais de bandeiras coloridas parece-me familiar ao um jardim florido.
Subo pelas escadas, para retirar dos livros, as emoções guardadas. Sou do tempo que marchar em sete de setembro era obrigatoriedade. E a minha baixa estatura fazia-me pagar prenda na ultima fileira, exceto quando saltitava de baliza, com direito a saia branca de pregas e cacharel vermelha.
Ainda espio nas frestas da memória, buscando pelas bordas, histórias inacabadas para relatar. A fértil primavera desabrocha em flores campesinas, nos jardins suspensos da existência de cada um. E nada melhor que um dia após o outro, para pisar de pés descalços de formalidades, deitando ao lado da intimidade. Simples como respirar.
Talvez não precisássemos, inventar uma dor, para justificar as lágrimas, e nem fingir que não conhecemos um ao outro, quando esbarramos nas esquinas da vida. Os disfarces poderiam ser lavados com água e sabão, revelando o que realmente somos. As luvas podem aquecer as mãos no inverno, mas nos impedem de ações objetivas.
O coração quando ama, atravessa a rua, sem migrar de casa. Estende a toalha molhada na cama de propósito, torcendo para ser xingado, pois quem ama repreende. E quem é repreendido rouba beijo para ser perdoado. No amor, a tolerância, torna-se desculpa prévia do erro. E mesmo no amor há maturidade um dia estaciona, e aprendemos a não nos contentar com o mínimo, depois de conhecer o máximo.
Quem ama não se exila. Esparrama-se!
27.06.2009