Uma questão de lealdade
Havia dois amigos, amigos de longa data, que por muitos anos partilharam sua jornada profissional, de maneira indireta é verdade, mas sempre havendo uma camaradagem gostosa e uma certa cumplicidade entre eles.
Cada um seguia seu caminho, e sempre que a vida favorecia, encontravam-se em algum evento ou simplesmente, em algum encontro profissional, que lhes proporcionava momentos de satisfação. Havia entre eles respeito e admiração. Sentimentos que apenas amizades antigas e autênticas são capazes de compor e conservar.
Certo dia, por conta das voltas que a vida dá, viram-se envolvidos num projeto comum. Atendendo as necessidades de um deles, o outro elaborou atividades que deveriam acontecer no trabalho do amigo.
Sendo uma pessoa leal e dedicada, um profissional criterioso e extremamente consciente das suas responsabilidades, viu-se entusiasmado com o projeto e em várias ocasiões compareceu ao trabalho do companheiro, buscando aprimorar as idéias do projeto, e partilhando de forma espontânea seu entusiasmo.
Após estar tudo estruturado, combinado, apenas aguardando a agenda ser definida para que o tal evento acontecesse, o amigo que elaborou o projeto, entreteve-se com seus afazeres rotineiros de trabalho enquanto esperava para que desse vida, enfim, ao projeto que havia criado.
Após quinze dias sem que houvesse a confirmação, procurou o amigo para resolver a pendência, uma vez que estava segurando algumas datas possíveis em sua agenda, e declinando outros trabalhos, por estar comprometido com o tal projeto.
Ao encontrar-se com o amigo, não atina de imediato o que estava por vir, e apenas no decorrer da conversa, vai percebendo que algo estava fora do lugar.
Tentando inutilmente entender o que estava acontecendo, prestava a maior atenção às falas do amigo, sem que compreendesse o que se passava.
Em dada hora, já um tanto atordoado, indagou ao amigo o que esta havendo, pois que ele já estava há quase uma hora se justificando de algo que ele não compreendia e não dizendo nada que pudesse esclarecer.
Foi neste instante, quando se viu, de certa forma colocado numa situação em que não mais seria possível escorregar, é que deixou claro o que havia acontecido.
O projeto que ele havia elaborado, com entusiasmo, alegria, característica peculiar de sua personalidade, com empenho; sim, esse mesmo projeto, entregue confiantemente na mão do amigo. Havia sido dado a outra pessoa, para que ela o aplicasse.
Ao compreender finalmente o ocorrido.ainda tentou segurar-se e manter uma conversa natural, mas, como toda pessoa honesta, foi incapaz de permanecer por mais tempo.diante do amigo
Levantou-se, e, ainda que chocado, sem ao menos entender o porque daquela atitude, sem ter ouvido do amigo uma só justificativa para um ato tão desleal, retirou-se, desejando a ele felicidades.e levando consigo a sensação dolorida de quão barato havia sido cotada esta amizade.
Vocês devem estar esperando o desfecho engraçado para esta história, a explicação do mal entendido.O lance de última hora, que esclarece a situação e dá graça ao cotidiano.
Também eu esperei que houvesse esse final.
Desta vez a graça da história só quem sabe é o tal amigo.e ele não quis me contar.
Uma pena, não acham!
A maior alegria na vida, é o sentimento de lealdade, pois nos proporciona a paz de espírito e a harmonia no coração, emoções que nos acompanham por toda nossa vida!
Priscila de Loureiro Coelho
Consultora de Desenvolvimento de Pessoas