CRONICA DA INFIDELIDADE
Na rua da Pátria, 1999, Cabrália, um raio de luz lança um retângulo de poeira sobre o criado desnudo. A cama em desalinho revela que corpos suados fundiram a noite toda. Um cheiro ocre ezala pelos quatro cantos do cômodo desconfortável. A toalha encardida descansa no toucador.
Ontem, Paulo se deitou com a amante. Levantou-se com uma esposa enciumada com suas rotineiras visitas ao dentista.
Ontem, ébrio, Caio dormiu com Lígia. Acordou com a mão no saco de um tal Agenor.
Ontem, Marlene ficou com Fábio. Ficou, mas jura que não fica mais.
Se em Cabrália o dia amanhece com gosto de ressaca, o mesmo não se pode dizer de YANOMAMI, sua clone do norte. Lá, patriarcas de pele clara e vassalos, bronzeados, vivem outros delírios. Bebericam o caldo da “Ayuasca”, o cipó dos espíritos, e cantam: NEW WORK, NEEW WOORK...