TODOS DANÇAM! (“Ninguém é totalmente desprezível”)
Sei lá quem já falou isto, mas realmente: “ninguém é totalmente desprezível”! Estávamos fazendo os preparativos para a festa junina na escola, todos da comunidade escolar interna precisavam ajudar: tirar folhas dos coqueiros, caçar bambu, subir na armação metálica para dependurar balões de papel e outras atividades corriqueiras do evento. A mão-de-obra totalmente voluntária. Os alunos e professores, quando solicitados, mostravam-se solícitos, mas para fazer as coisas mais fáceis: cortar bandeirolas, confeccionar cartaz, desenhar, pintar, colar papel etc. Porém, um grupo seleto de desprendidos apresentou-se para fazer aquelas ações recusadas, ou seja, as mais pesadas. Observando melhor, notei que os alunos mais indisciplinados em sala tinham grande contribuição para a escola: faziam o serviço que era recusado pela maioria, talvez por ser mais grosseiro, mais arriscado e brutal! Todavia, eles trabalhavam bem, e todos se aproveitavam de seus talentos: faz isso, faz aquilo... Eu, que segurava a escada para um deles trocar as lâmpadas do telhado, gostava do espetáculo.
Minha reflexão é: que espécie de cidadão queremos educar, não havíamos que diversificar as metodologias ao invés de taxarmos um tipo de aluno de incompetente?
Como explicar isto: Um aluno indisciplinado, sem produtividade dentro da sala, com os livros, pode ser um bom aluno no pátio da escola com as ferramentas certas! E observei também que às alunas eram-lhes vetadas as atividades pesadas, mesmos as de mau comportamento dentro da sala, não paravam de colar papel amarrar cordão e encangar coisas! Também se tornaram “ovelhinhas”! Contudo, quem poderá explicar isso? Os psicopedagogos? E assim mesmo, a conduta desses alunos “produtivos do pátio”, nos eventos festivos da escola, ainda será considerada inadequada? Só porque eles estão vivendo desajustados educacionalmente dos convencionais métodos da escola! A escola existe para preparar cidadãos. No entanto, o que é isso? A única espécie de cidadão que podemos construir com o sistema calejado que temos é apenas idealizada. E não é real. Verdadeira cidadania só provém da prestatividade, a final a escola não devia preparar o aluno para servir cabalmente a sociedade no que ela precisar? E como melhor condicioná-los em seus direitos e obrigações?
Eu lhes convido a contemplar a vida real – a examinar a “literatura” que produz efeitos reais, enxergar saudáveis perspectivas das relações interpessoais, avaliar melhor os alunos que queremos. Alguém está minando nossas energias do cérebro com tolices (uniformização). O mundo é a realidade.