POR QUE ESCREVO?
Se é que me encontro escassa. Insólita de sentimentos. Sufragada pelos sentidos...
Se a cupidez das palavras inebriam minhas vísceras num desejo vicioso que nem sequer compreendo.
Por que escrevo?
Será a ânsia de que alguém responda em meu lugar e livre-me da culpa de sequer não poder justificar minha embriaguez?
Ou de traduzir sentimentos alheios dos que dizem não possuírem o tal dom?
Seria um dom suposto o meu vício pressuposto?
É por isso que escrevo?
Por que me agitam os dedos para falar pelas entranhas pedindo-me que verse sobre temas?
Temas? Eu que temo coisas que sequer suponho saber...
Para chegar a um confim qualquer onde se banham meus anseios de mulher e de todas fêmeas nuas cobertas de desejos?
Para cavalgar o desconhecido sobre o dorso de um animal arisco, sem destino, com todos os riscos a sofrer?
Para que escrevo?
Melhor calar a voz das palavras mudas?
Apagar as cicatrizes das folhas mortas?
Matar a vida irrespirável das idéias?
Apagar a escuridão da dúvida?
Cegar de ver o caminho sem fim?
Amputar as emoções que guiam?
Matar a paixão e sepultar a escritora?
Escrevo...
Logo, existo.