POR QUE ESCREVO?

Se é que me encontro escassa. Insólita de sentimentos. Sufragada pelos sentidos...

Se a cupidez das palavras inebriam minhas vísceras num desejo vicioso que nem sequer compreendo.

Por que escrevo?

Será a ânsia de que alguém responda em meu lugar e livre-me da culpa de sequer não poder justificar minha embriaguez?

Ou de traduzir sentimentos alheios dos que dizem não possuírem o tal dom?

Seria um dom suposto o meu vício pressuposto?

É por isso que escrevo?

Por que me agitam os dedos para falar pelas entranhas pedindo-me que verse sobre temas?

Temas? Eu que temo coisas que sequer suponho saber...

Para chegar a um confim qualquer onde se banham meus anseios de mulher e de todas fêmeas nuas cobertas de desejos?

Para cavalgar o desconhecido sobre o dorso de um animal arisco, sem destino, com todos os riscos a sofrer?

Para que escrevo?

Melhor calar a voz das palavras mudas?

Apagar as cicatrizes das folhas mortas?

Matar a vida irrespirável das idéias?

Apagar a escuridão da dúvida?

Cegar de ver o caminho sem fim?

Amputar as emoções que guiam?

Matar a paixão e sepultar a escritora?

Escrevo...

Logo, existo.

Léia Batista
Enviado por Léia Batista em 26/06/2009
Código do texto: T1669375