AO AMIGO DESAPARECIDO
Meu caro amigo,aonde você estiver...
Hoje é um sábado (30.08.2003),o último do mês de agosto e faz um frio intenso.O céu é todo cinzento e a neve cai nas serras Catarinenses. "Johny Rivers" convida-me a retornos e foi exatamente num dêles que parei em nosso velho tempo.Lembra-se? -1968 era o tempo.Eu com meus dezeseis anos,você um pouco mais velho.Nossos sonhos embalados por cancões que hoje recordo.Eu na indecisão entre tornar-me piloto de aviões ou professor;você também com ligeira tendência à ser aviador mas, pesando muito forte o desejo de ser um radialista,o que aflorava-se ainda mais quando ouvíamos Helio Ribeiro e suas inesquecíveis traduções pela Bandeirantes.
O quintal era o limite do reino de nossos ideais;e como era encantadora a simplicidade daquêle pedaço de chão!...O caminho em curva que acabava no lenheiro e tôda sua extensão cheirando às rosas de Tia Luiza.O vento espalhando em nevascas, floradas brancas do pereiral e nos terreiros bem varridos,a singeleza de nossas vidas palpitando.Os primeiros sonhos de adolescência,os amores platônicos:"Terezas ou Marlis?"...Quanta indecisão na verdade,eu penso agora, nenhuma delas nos queriam.A estrada da olaria São Francisco...Nossas velhas biicicletas ganhando a direção do Riozinho;maçãs e uvas na casa da dona Maria do Jordão,depois o contorno pelo lugarejo de Engenheiro Gutierrez com parada na estação ferroviária.
E o trem chegava!...Risos e flêrtes apinhavam-se pelas janelas.Depois seguia o seu destino e na solidão da plataforma vazia,duas bicicletas nos esperando num canto.
E a colheita das flores para o dia das almas?Papai classificando cores e variedades; nós,chafurdados no lamaçal a colher os mais lindos "copos de leite".Pequenas coisas,imensas saudades;o tempo nos distanciou um dia.Você foi para a capital e eu continuei meus sonhos no velho quintal,aprendendo aos poucos que nem tudo possui as mesmas cores da adolescência e as angustias,incertezas e frustrações foram ocupando os espaços dourados dos ideais e o quintal de então,sucumbiu à dureza do tempo,emudeceu em seus ecos mais bonitos. O lamaçal secou e feneceram as rosas de Tia Luiza.
Nunca mais nos encontramos.Soube por alguém que você partiu. Foi habitar o espaço infinito daquêles que repousam em paz.
Eu continuo por aqui;persistente,pagando uma taxa abusiva pela teimosia da batalha na vida.Mas... tem valido a pena!
Sabe amigo, "Johny Rivers" ainda me emociona,no entanto,o coração que ora pulsa em mim.distancia-se em muito daquêle distante c que sonhava em voar ou ensinar. Tomaram outros rumos os meus passos e o homem de hoje nada mais é que um ser comum entre tantos.Minúscula particula tentando fazer parte do contexto.
Li outro dia esta frase:"Amigos de verdade jamais se separam,seguem apenas caminhos diferentes"...Diz-se por aí que todos os caminhos são convergentes e um dia acabam se cruzando.Pensando assim,existe a certeza de que nosso reencontro ocorra num quintal imenso com direito a sonhos tão bonitos quanto aquêles acalentados nos anos sessenta e com a garantia de durarem tão somente "uma eternidade".
Meu caro amigo,aonde você estiver...
Hoje é um sábado (30.08.2003),o último do mês de agosto e faz um frio intenso.O céu é todo cinzento e a neve cai nas serras Catarinenses. "Johny Rivers" convida-me a retornos e foi exatamente num dêles que parei em nosso velho tempo.Lembra-se? -1968 era o tempo.Eu com meus dezeseis anos,você um pouco mais velho.Nossos sonhos embalados por cancões que hoje recordo.Eu na indecisão entre tornar-me piloto de aviões ou professor;você também com ligeira tendência à ser aviador mas, pesando muito forte o desejo de ser um radialista,o que aflorava-se ainda mais quando ouvíamos Helio Ribeiro e suas inesquecíveis traduções pela Bandeirantes.
O quintal era o limite do reino de nossos ideais;e como era encantadora a simplicidade daquêle pedaço de chão!...O caminho em curva que acabava no lenheiro e tôda sua extensão cheirando às rosas de Tia Luiza.O vento espalhando em nevascas, floradas brancas do pereiral e nos terreiros bem varridos,a singeleza de nossas vidas palpitando.Os primeiros sonhos de adolescência,os amores platônicos:"Terezas ou Marlis?"...Quanta indecisão na verdade,eu penso agora, nenhuma delas nos queriam.A estrada da olaria São Francisco...Nossas velhas biicicletas ganhando a direção do Riozinho;maçãs e uvas na casa da dona Maria do Jordão,depois o contorno pelo lugarejo de Engenheiro Gutierrez com parada na estação ferroviária.
E o trem chegava!...Risos e flêrtes apinhavam-se pelas janelas.Depois seguia o seu destino e na solidão da plataforma vazia,duas bicicletas nos esperando num canto.
E a colheita das flores para o dia das almas?Papai classificando cores e variedades; nós,chafurdados no lamaçal a colher os mais lindos "copos de leite".Pequenas coisas,imensas saudades;o tempo nos distanciou um dia.Você foi para a capital e eu continuei meus sonhos no velho quintal,aprendendo aos poucos que nem tudo possui as mesmas cores da adolescência e as angustias,incertezas e frustrações foram ocupando os espaços dourados dos ideais e o quintal de então,sucumbiu à dureza do tempo,emudeceu em seus ecos mais bonitos. O lamaçal secou e feneceram as rosas de Tia Luiza.
Nunca mais nos encontramos.Soube por alguém que você partiu. Foi habitar o espaço infinito daquêles que repousam em paz.
Eu continuo por aqui;persistente,pagando uma taxa abusiva pela teimosia da batalha na vida.Mas... tem valido a pena!
Sabe amigo, "Johny Rivers" ainda me emociona,no entanto,o coração que ora pulsa em mim.distancia-se em muito daquêle distante c que sonhava em voar ou ensinar. Tomaram outros rumos os meus passos e o homem de hoje nada mais é que um ser comum entre tantos.Minúscula particula tentando fazer parte do contexto.
Li outro dia esta frase:"Amigos de verdade jamais se separam,seguem apenas caminhos diferentes"...Diz-se por aí que todos os caminhos são convergentes e um dia acabam se cruzando.Pensando assim,existe a certeza de que nosso reencontro ocorra num quintal imenso com direito a sonhos tão bonitos quanto aquêles acalentados nos anos sessenta e com a garantia de durarem tão somente "uma eternidade".