Inde(cisão)

Inde(cisão)

Mª Gomes de Almeida

Perdida em pensamentos estou. São os reflexos de uma relação mal resolvida, relação que durante anos foi de um amor que parecia ser para sempre. São os sonhos dos amantes... Sonhei, desejei, insisti e desisti. Nós desistimos, ele se foi, ele voltou. Não suportou a solidão, não suportou a falta de “um porto seguro” que toda relação a dois por difícil que seja proporciona.

Eu não disse volte, muito menos não volte. Aceitei, acomodei, arrependi. Arrependi? Talvez. Vivo entre momentos que ora são agradáveis apesar das cicatrizes, ora são desagradáveis com as mágoas em evidência.

Os sonhos se foram. Foram-se os sonhos. Sonhos de um amor que seria eterno, sonhos em romper com algo que já me fazia mal.

Eu mudei, mudei o modo de pensar meu casamento, mudei o modo de crer no meu casamento. Ele se surpreendeu, acostumado estava com a minha insistência, com o meu amor doentio, amor que se submeteu as situações até então criticadas por mim, eu era mais mãe do quê mulher, companheira. Demorei para perceber e entender tudo apesar de ser inteligente e bem sucedida profissionalmente. Vivi longos anos de mudanças. Vivi um amor que ao invés de fazer bem me fazia mal, foi quando mudei para pior.

Entendi isso. Mudei! Mudei para melhor e rompi. Ele não aceitou, os amigos não acreditaram. Eu não entendi, fraquejei e não me decidi.

É a indecisão. Inde(cisão)? A cisão dói, machuca o orgulho, fere. E como na maioria das vezes não estamos fortalecidos, desistimos. Eu desisti, desisti de tentar, desisti de desisti, me acovardei. Terrível porque sei que covardia é insuportável e imperdoável. Eu sei de tudo isso. Mas ainda não consegui.

Maria Gomes de Almeida
Enviado por Maria Gomes de Almeida em 26/06/2009
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