O ultimo voo a Paris
O ULTIMO VOO A PARIS
Um céu limpo, azul tatuado de branco de carneirinhos e outras figuras que a nossa imaginação possa criar... Acalentados em sonhos de ver pela primeira ou outra vez a cidade luz, de ir ao Louvre, Champs Eliséos ou pousar para uma foto em frente à Torre Eifell.
Sonhos de estudo, conhecimento, prazer, de amor de duas centenas de irmãos nossos sepultados a 4.000 metros de profundidade na localização mais hostil do Oceano Atlântico.
Sonhos de vida que se transformou em pesadelos para quem perdeu um ente querido ou para todos nós que atônitos vivemos a tragédia comercializada pelos canais de televisão que lucram milhões, tornando ainda mais trágico o desastre e quase que insuportável a dor da perda, da separação... A grande confusão entre comunicar à sociedade e dramatizar, comercializar dores seria melhor calar, consolidando assim a comoção social e a solidariedade ao silencio dos inocentes.
Eu não sei mais o que nos falta comercializar. O prazer, a gula, a emoção, tudo enfim, e agora a morte de crianças, jovens e adultos que como todos nos tinham sonhos e só queriam viver.
Mais nessa noite, pensativo eu dormi e saí em grande velocidade rumo ao alto mar, então desci a crateras de imensas montanhas submersas e vi destroços para todos os lados, mais nem um corpo, nem um fragmento humano, nada que lembrasse um nosso semelhante, surgindo assim um raio de esperança que me fez subir rapidamente à tona e, sobre as ondas mirei mais uma vez o céu e vi que de lá caiam estrelas prateadas jogadas por eles que do alto acenavam o ultimo adeus. Saí das águas revoltas do Atlântico e voei para casa mais notei que mesmo o céu estando estrelado, caia uma chuva fina que mais parecia lágrimas de dor de um pais que chora pelos seus que pularam para o andar de cima deixando para nós recordações e saudades, porque eles foram passageiros do Ultimo Vôo a Paris...
Airton Gondim Feitosa
tributaryagf@hotmail.com