Michael Jackson
Edson Gonçalves Ferreira
Michael Jackson morreu!... Ninguém pode negar que perdemos uma grande expressão da música norte-americana, porque não dizer da música popular internacional e, sobretudo, um homem que era um show ao vivo, 24 horas por dia, protagonizando tudo quanto é espécie de notícias. Sim, ele estava sempre na mira dos jornalistas e dos fotógrafos que muito lucraram com as graças e desgraças desse grande músico. Sim, músico, compositor, coreógrafo, bailarino, um grande artista, portanto.
Santo, ele nunca foi e, acredito, nenhum de nós o é. Temos problemas e limitações. Agora, falar sobre Michael Jackson é algo difícil, porque tantas plásticas feitas para clarear a sua pele e para mudar a sua imagem só provam que ele foi cobrado demais. Sim, acredito que nenhum psicólogo ou psiquiatra discordará de mim. Se alguém achava que os fãs o tinham esquecido, enganam-se, os americanos correram para a rua e, principalmente, na pequena cidade onde ele morava.
Se, até hoje, discutem cotas para negros no Brasil -- terra onde dizem que não há discriminação -- imaginem só nos Estados Unidos onde existem até grupos de extermínio de várias classes sociais, começando por negros, judeus, latino-americanos, etc. Michael Jackson queria ser aceito como ser humano como, de fato, ele e todos são. Ninguém é melhor que o outro, independentemente de raça, cor, sexo, religião e política.
Não foi compreendido e, talvez, nem pudesse ser, por causa de atitudes que desafiavam a sociedade. Imprudente quem ousa fazer isso! Todos nós temos papéis tipificados dentro da sociedade e Michael Jackson -- queiram ou não -- foi moldado, violentamente, pela sociedade de consumo que, agora, com certeza, lamentará a sua partida tão jovem. Estou como todos os seus fãs, com o coração partido.
Nunca fui seu admirador. Ele nunca chegou a ser meu ídolo musical. No entanto, nunca deixei de reconhecer o seu talento e o seu toque de midas. Espantava-me com as atitudes incongruentes dele. Julgá-lo, nunca! Não sou digno de julgar. Afinal, Saint-ex estava certo quando escreveu: "Se consegues julgar a ti mesmo, eis aí um verdadeiro sábio". Por isso, agora, enquanto vejo o Jornal da Globo, enaltecendo "a lenda da música do século XX", pergunto-me sobre aqueles que jogaram pedra no ídolo, esquecendo que Michael cresceu no meio da mídia desde os cinco anos de idade e isso, minha gente, tem um preço alto, muito alto!
Michael Jackson supera, hoje, até os Beatles nos comentários na Internet sobre a sua vida tão contundente, mas, sobremaneira, desenhada pelos complexos que, ao longo da sua breve vida, 50 anos. A sua obra permanecerá e quem achar que não, estará totalmente enganado. Ele tinha um modo de ser tão contravertido como Jean Genet, Jean Cocteau, Kennedy, Elvis Presley, Judy Garland,
Cocteau Chanel, Fred Astaire, Rock Hudson, entre outros, tantos outros. Querer que os gênios sejam certinhos é pedir demais, vocês não acham?
Se ele foi ou não vítima de vitiligo, se ele clareou a sua pele, se ele fez inúmeras plásticas, se ele infringiu alguma lei, isso foi prova de que ele, embora tenha sido um gênio da música, ele foi um homem como todos nós, frágil, sujeito a intempéries da vida. Adeus, Michael Jackson. Agora, as indústrias todas faturarão alto com a sua obra. Deus, porém, que é justo, onisciente e onipresente, é o único que poderá julgá-lo. De minha parte, só registro: _ Você foi e é um grande artista e sua voz continuará encantando esse plano telúrico, enquanto aguardamos a passagem inescapável.
Divinópolis, 25.06.09