Em volta da fogueira
Edson Gonçalves Ferreira
Amanhã tem festa junina na Superintendência Regional de En sino e, agora, comento: lá está a exposição "40 anos de jornalismo do poeta Edson Gonçalves Ferreira". Não foi levada por mim. Afinal, é uma realização da Biblioteca Pública Municipal Ataliba Lago, patrocinada pela
GERDAU, com apoio da Academia Divinopolitana de Letras, Secretaria Municipal de Cultura de Divinópolis.
Quem a levou para lá foi a superintendente Profa. Vera Lúcia Soares Prado só para nos homenagear e, ainda, convidou todos os diretores e funcionários dos 30 municípios jurisdicionados pela SRE-Divinópolis para vê-la. Então, amanhã, a festa junina tem duas finalidades e, por causa do carinho da Vera, lembrei-me das festas na casa de Dona Ana Cardoso e Raimunda Rodrigues de Carvalho (a Zi) que, hoje, estão no outro plano.
Elas tinham um restaurante: o Valeriana, onde lancei um dos Múltiplos Poéticos Plásticos e, no fundo do restaurante, havia um belo quintal onde, aniversários e outras datas, principalmente em junho, o Coral Divinópolis no qual eu cantava comparecia. Tudo que você, leitor(a) pensar de gostoso: canjica, broa de milho, pipoca, bolinho de mandioca, carne de panela, pé-de-moleque, quentão, biscoito de pau a pique, biscoito quebra-quebra, tudo, tudo era servido lá.
O terreiro ficava todo cheio de bandeirolas que a Zi, com a Dona Ana, com o Nazaré e as suas sobrinhas arrumavam. Zi que nunca dormia, enquanto eu não chegava de minhas aulas, chamava para que eu visse antes. Zi era tão doce, tão nobre, tão santa que, às vezes, às 23 horas, ela me ligava só para contar que tinha visto um passarinho no beiral da casa. Ela me conhecera desde criança e, assim, quando eu chegava no Valeriana, era uma festa só.
No dia de São Pedro, todos os anos, o Coral Divinópolis e os familiares e amigos de Dona Ana Cardoso e da Zi juntavam-se no terreiro colorido e cheio de iguarias. Nós vestíamos à caráter e cantávamos e dançávamos até. Imaginem um coral todo cantando para ele mesmo dançar. Que festa que acontecia, meu Deus!
"Noites frias, tão frias de junho... os balões lá no céu vão subindo..." Hoje, quando não sobem mais balões, a minha alma sobe para chegar mais perto das pessoas adoradas que partiram e que tanto ilustraram a minha vida. Como consolo, agradeço a Deus por ter
os colegas da Superintendência Regional de Ensino, e a delicadeza da nova superintendente Vera Lúcia Soares Prado que, por sinal, é quase minha prima, porque a tia dela era minha tia torta. Tia Quita Manata era casada com Tio José Gonçalves, português irmão do vovô Manoel Gonçalves.
Agora, com o frio que faz, aqueço a minha alma com tantas lembranças e, baixinho, cantarolo: "Com a filha de João, Antônio se casar, mas Pedro fugiu com a noiva, na hora de ir pro altar..." _ Meu Deus, até esse romantismo acabou, não acabou? Só para terminar, cantem comigo: "Os balões vão subindo... vem caindo a garoa, o céu é tão lindo e a noite tão boa... São João, São João, acende a fogueira no meu coração".
Divinópolis, 25.06.09