O PRESENTE DEU AZAR
Elisa levantou-se cedo. Seu marido foi para o trabalho e os filhos – faculdade.
Ajeitou a casa e foi ao jardim. Mês de maio! Suas roseiras estavam lindas! Ela também estava feliz! Nesta semana completará trinta anos de casada! Bodas de Pérola! Como o tempo passa depressa! Mas valeu! Seu marido e seu filho só lhe deram alegrias.
Caminhando pelo jardim, com pensamentos tão positivos, sentia-se no céu. De repente toca o telefone. Ao atender uma voz de homem, desconhecida: - "Aqui quem fala é o namorado da Odete; a moça que trabalha com seu marido. Estou telefonando para avisar. Se seu marido continuar paquerando a minha namorada dou-lhe uns tiros. Avisa para ele".
- "Meu senhor, eu não lhe conheço, mas deve ser engano. Meu marido é um homem sério, jamais faria isso; fala assustada".
- "Pois fique mais esperta. Seu marido esta paquerando minha namorada. Trabalham juntos, visitando firmas. Ele, agora, deu para presenteá-la. Sabe com o que? Calcinhas, minha senhora! Calcinhas! Cada qual mais sexy!"
- "Senhor, me desculpe. Vou desligar. Deve ser engano. E, desligou o telefone tremendo, mal ficando em pé. Suas mãos tremiam tanto! Que horror, meu Deus!"
O pior – agora sabia que não era engano. Seu marido tinha o hábito de presenteá-la com calcinhas sexy.
Oh! Deus! Eu estava tão feliz! O que fazer agora? Lembrou-se então, de uma frase do marido, entre beijos e vinho, num jantar a dois: - “Quando alguém sentir que o amor está indo embora, vá antes”. Será?! Ele estava me preparando. Lembrou-se então da moça que realmente trabalhava com ele. Era linda! No natal o marido pediu permissão para convidá-la. Queria que conhecesse sua família. Ela veio e, em momento algum sentiu ciúmes ou pensou que pudesse rolar algo entre eles.
Sim, saiam sempre juntos para negócios da firma.
Nessa altura, Elisa estava um bagaço! Já não sabia o que fazer! – “Ah! Vou-me embora. Vou para a casa de meus pais. Não consigo nem olhar para a cara do meu marido". Pegou uma maleta, jogou algumas roupas e saiu, meio sem rumo a caminho da praia. Sentou-se num banquinho, respirou fundo e começou a pensar: será que isso é verdade?! Verdade é. E as calcinhas?! Mas será que está mesmo apaixonado?! Não será essa moça uma desmiolada, querendo tomar meu marido, um chefe de família?! O que não terá ela feito para conquistá-lo? Essas moças de hoje não possuem limites, nem religião, nem sentimento de família. Já tem um homem e está querendo roubar outro? Outro que já é meu?!
Ou será que o bobo do meu marido, um simplório, está caindo nas malhas dessa Jabiraca?! Ele sempre foi tão sério, tão bom...nesses trinta anos nunca soube de nada! Será que já me traiu?! Oh! Deus! O que faço eu? Mas eu o amo tanto! O pai dos meus filhos...E os meus filhos? Como vão ficar?
As horas foram passando e Elisa, sentada no banquinho da praia, olhando o vai e vem das ondas, sem saber que rumo tomar. O sol atrás das ondas já se despedia.
Sabe de uma coisa - resolvi. Vou voltar para casa antes que meu marido e filhos retornem. Vou lutar! Não vou entregar de mão beijada meu maior tesouro que é meu marido.
De mala na mão, cabeça erguida, voltou ao lar na certeza de que venceria esta parada.
Será que venceu?