Gerações da luz

Imagine um grande foco de luz que se desnuda como o Sol no horizonte ao alvorecer de um novo dia. A luz vem de um mundo virtual que se expande à medida que mais pessoas olhem para ele. Neste novo mundo cruzamos mares de informações e conhecimentos com um simples clic, nos relacionamos, nos comunicamos livremente. Nessa viagem pode-se ouvir qualquer tipo de musica, ler ou assistir jornais de todo o mundo, receber golpes, praticar boas ações, dar golpes, ler ou comprar livros, ver filmes, jogar, visitar museus, estudar, movimentar a conta bancária, fazer compras etc.

Em poucos anos as chamadas “Lan House” se espalham, as opções de conexões só aumentam, sites se popularizam, a economia virtual se desenvolve e surgem novas oportunidades. Contudo o acesso à internet ainda é restrito e as novas tecnologias são muito caras em países “não” desenvolvidos como o nosso, porém não é platônico acreditar que a internet venha a se tornar tão ou mais popular que televisão ou qualquer outro Meio de Comunicação de Massa.

Pense em uma revolução tão importante quanto a Revolução Industrial dos séculos XVlll e XIX... Uma nova revolução paira sobre nossas vidas e não podemos enxergar ao certo, é como olhar para o Sol. Vivemos uma revolução não teorizada, uma grande revolução na comunicação humana. Uma mudança em aspectos econômicos, culturais e sociais que está literalmente em órbita: flutua sobre nossas cabeças girando em volta do planeta, está em nossas casas, no trabalho, no lazer, e até em nossos bolsos...

Hoje no Brasil podemos contar nos dedos as famílias que controlam os canais de TV, as grandes rádios e jornais de circulação nacional... Isso limita o acesso à informação, pois o conteúdo vem carregado de interesses da minoria. Mas com a internet vejo uma possibilidade, mesmo que a longo prazo, para a democratização dos Meios de Comunicação de Massa. Não penso que será o fim da mídia impressa nem da TV ou dos rádios, pois o computador pode abarcar esses meios sem que eles deixem de existir.

Há apenas 24 anos estudantes idealistas eram torturados e assassinados enquanto a voz serena do Cid Moreira soava por todo Brasil os taxando de terroristas e marginais. Uma voz suave e cheia de presença que abençoava militares por seguirem a cartilha norte americana atrasando o desenvolvimento econômico e cultural de nosso país.

Hoje podemos ouvir, assistir ou ler sobre o que quisermos, e, além disto, existe maior espaço para quem pensa em falar, filmar ou escrever sobre qualquer coisa. Depende de nós, usuários, peneirar nossa atuação no mundo virtual para não acabarmos reféns de golpes de todos os tipos ou de futilidades como: salas de bate papo “furado”, e-mails com mensagens de autoajuda, pornografia, reality shows etc.

Assim a internet e as novas tecnologias iluminam um caminho para a democratização dos Meios de Comunicação de Massa. Surgirão novos tipos de noticiários, documentários, filmes e rádios onde a produção cultural e artística encontrará terreno fértil para fortalecer suas raízes e dar novos e bons frutos ao alcance de todos.

É tudo tão rápido! Tenho 25 anos e posso espantar amigos de 18 dizendo que me lembro de quando a telefonia celular e a internet simplesmente não existiam em Areado. Tento imaginar tudo que pode acontecer dentro de dez ou quinze ou dois anos e minha imaginação navega nessa luz de possibilidades. Espero que minha esperança não seja cegueira diante a claridade e que consigamos navegar com consciência nesse mar de informações, conhecimentos, golpes e futilidades.

***

Publicado na edição 280 da Folha Areadense