10 - MENINOS GARANTO, EU VI...

MENINOS GARANTO, EU VI...

Ainda como se diz hoje em dia, travessuras enquanto se é jovem é simplesmente uma questão de oportunidade e local.

Muda-se de local e região, mas elas existem tanto lá quanto cá.

Quando a galera do Campestre “O Time” encontrava outras turmas de bairros diferentes era um desfilar de coisas erradas e fanfarronices.

Nós que imaginávamos estar preparando sempre uma “presepada”, como diziam os nossos pais, para fazer os outros de vitima, não imaginávamos que poderíamos cair nas preparadas pelas outras.

Eu me lembro bem, quando estávamos apanhando lenha lá no Alto dos Pinheiros que os que chegavam primeiro iam catando umas frutinhas vermelhas, uma espécie de Juá Espinhento, mas bastante saboroso e que eram abundantes naquela área.

Recolhíamos tudo no boné e depois vinha a divisão em partes iguais.

Num desses encontros pra jogar conversa fora, gabávamos de ter preparado diversos cachinhos de mel da árvore denominada Canudo-de-pita para a turma lá da Vila dos pés-de-pomba, dizendo da nossa esperteza em não sugar o melzinho dos cachos preparados e que estava mais ao alcance das mãos e afirmando que lá na mata da Lagoa Preta não se salvava um pé sequer, como diríamos hoje tava tudo dominado.

Qual não foi a nossa surpresa quando alguns afirmaram já saber destas manobras há muito tempo, dizendo que achavam até que tinha sido eles a inventar essas armadilhas, ficamos naquela, sem saber se de fato era verdade ou era simplesmente para não dar o braço a torcer.

Voltando ao assunto dos Juás da do Alto dos Pinheiros, mesmo entre um grupo do bairro havia sempre um mais tirado a esperto que sendo amigo dos demais, se pudesse tiraria proveito da situação. Quando marcávamos uma buscada de lenha, dependendo do local já dava para “sacar alguma” sendo época dos juás maduros o Dico-Cabeça-de-Cobra chegava sempre na frente da turma e ia catando os mais vermelhos e maiores e os metia na boca, mesmo sem limpá-los, não aguardava a hora da partilha.

Acontece que num desses encontros onde as turmas viviam contando vantagens, (e o local apropriado para este tipo de resenha era a Farmácia do Sindicato Metabase onde trabalhavam em turnos diferentes o Tião da Farmácia e o Mauricio Russo) um dos nossos disse da armadilha que preparávamos com os cachinhos de mel.

Qual não foi a nossa surpresa quando eles afirmaram que passavam lá para apanhar esterco e urinavam nos pés de juá, apressando assim o amadurecimento deles e deixando o gatilho preparado, e nesse dia “meninos eu vi”, o Dico quase pôs os bofes para fora só de lembrar o gostinho azedo e salgadinho que tinham os juás logo que se começava a comê-los.

Aí foi a nossa vez de afirmar que sempre os lavávamos nas poças d’água que existiam por perto.

– Será verdade ou também, seria uma maneira de esquivar não dando o braço a torcer?

***

VEM AÍ O ENCONTRO ANUAL DOS CAMPESTRINOS!

AGUARDE, PARTICIPE!

CLAUDIONOR PINHEIRO
Enviado por CLAUDIONOR PINHEIRO em 24/06/2009
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