MANGA MADURA

Na minha infância, este dia denominado sábado era o mais esperado (hoje se tornou muito mais), pois eu andava de bicicletas, podia ir à fazenda do meu avô, brincar com o balanço que ele fez pra mim, embaixo do pé de cajueiro.

Hoje com essa vida maluca e semana sufocante onde dedico maior parte do meu tempo cumprindo burocracias e obrigações, mesmo que seja no meu trabalho e na minha faculdade que amo, é como só comer a manga sem chupar o caroço fica um processo inacabado.

Pensando bem o nome sábado, vem da origem do saber, ou melhor, saber sobre si mesmo. Pois se consigo dormir até o corpo pedir para levantar, sinto uma deliciosa vontade de ler livros que me levem para outros lugares ou filmes que me teletransportem assim, só com os olhos e ouvidos.

Gosto também de não fazer nada, acredito que o ócio é criativo e traz palavras do além, além de mim mesma.

Como as árvores a vida cresce e dá frutos, hoje recebo meu sobrinho na minha casa e sempre brincamos aos sábados e vejo seus primeiros experimentos, andando que nem um patinho ou como um sonâmbulo com os braços pra frente tentando se equilibrar e também tentando entrar no armário de mantimentos com a sua motoca.

Neste dia, sábado de eu sei, eu saberei posso desfrutar do pé da mangueira, da manga e do caroço.

Sábado é uma manga madura que posso me lambuzar.

Por Elizandra Souza, realizado no Curso de Redação Criativa, ministrado pela Profª Mônica Martinez, na atividade sobre Mapa Mental no dia 30/05/2009.