Diante do altar
Edson Gonçalves Ferreira
Meu irmão Edgar cismou em ser coroinha. Eu era o caçula e ele tinha que me pajear e, assim, todos os dias, lá íamos nós dois para o Convento Santo Antônio, antigo, aprender o latim para o Santo Ofício. Só que, antes da metade dos ensinamentos, o Edgar caiu no mato. Resolveu que não seria mais coroinha. Aí, quem deu birra fui eu e, desse modo, ele teve que continuar me levando ao convento.
Na época, eu tinha por volta de quatro para cinco anos e foi, justamente, aos cinco anos de idade que o Frei Leão resolveu que eu já estava no ponto. Sim, que eu aprendera a responder todas as perguntas do padre durante a missa, em latim.O pior, segundo ele, é que o danadinho do menino perguntava o porquê de cada resposta.
Às vezes, Frei Leão ficava irritado e não me respondia.
Eu tornava a perguntar, a perguntar, a perguntar e, com raiva, o coitado do frade me respondia. Assim que me convidaram para ajudar a primeira missa, fui para o Santuário de Santo Antônio treinar. Afinal, havia troca de missal para lá e para cá, genuflexões, etc. Deparamo-nos com um grave problema: eu era tão pequeno que não alcançava o altar-mor.
Depois de pensar um pouco, os frades mandaram fazer um banco escadinha para mim e, logo, logo, comecei a ajudar a Santa Missa com muito gosto. As missas começavam às 5 horas da manhã e, como naquela época, havia muitos sacerdotes, eu ajudava três ou quatro missas em seguida e, no final, ia tomar o delicioso café dos coroinhas, com chocolates e iguarias que vinham da Holanda.
O mais importante nisso tudo foi que, cedo, bem cedo, aprendi "ir até o altar do Deus que, até hoje, alegra a minha juventude" e, ainda, aprendi ritual, cerimonial e, sobremaneira, a zelar por aquilo que de mais sagrado temos: o nosso espírito e mantê-lo sempre jovem, tão jovem quanto uma rosa que acabou de abrir e, ainda, mantém seu vigor e sua pureza.
Divinópolis, 24.06.09
Edson Gonçalves Ferreira
Meu irmão Edgar cismou em ser coroinha. Eu era o caçula e ele tinha que me pajear e, assim, todos os dias, lá íamos nós dois para o Convento Santo Antônio, antigo, aprender o latim para o Santo Ofício. Só que, antes da metade dos ensinamentos, o Edgar caiu no mato. Resolveu que não seria mais coroinha. Aí, quem deu birra fui eu e, desse modo, ele teve que continuar me levando ao convento.
Na época, eu tinha por volta de quatro para cinco anos e foi, justamente, aos cinco anos de idade que o Frei Leão resolveu que eu já estava no ponto. Sim, que eu aprendera a responder todas as perguntas do padre durante a missa, em latim.O pior, segundo ele, é que o danadinho do menino perguntava o porquê de cada resposta.
Às vezes, Frei Leão ficava irritado e não me respondia.
Eu tornava a perguntar, a perguntar, a perguntar e, com raiva, o coitado do frade me respondia. Assim que me convidaram para ajudar a primeira missa, fui para o Santuário de Santo Antônio treinar. Afinal, havia troca de missal para lá e para cá, genuflexões, etc. Deparamo-nos com um grave problema: eu era tão pequeno que não alcançava o altar-mor.
Depois de pensar um pouco, os frades mandaram fazer um banco escadinha para mim e, logo, logo, comecei a ajudar a Santa Missa com muito gosto. As missas começavam às 5 horas da manhã e, como naquela época, havia muitos sacerdotes, eu ajudava três ou quatro missas em seguida e, no final, ia tomar o delicioso café dos coroinhas, com chocolates e iguarias que vinham da Holanda.
O mais importante nisso tudo foi que, cedo, bem cedo, aprendi "ir até o altar do Deus que, até hoje, alegra a minha juventude" e, ainda, aprendi ritual, cerimonial e, sobremaneira, a zelar por aquilo que de mais sagrado temos: o nosso espírito e mantê-lo sempre jovem, tão jovem quanto uma rosa que acabou de abrir e, ainda, mantém seu vigor e sua pureza.
Divinópolis, 24.06.09