O "NÃO" NECESSÁRIO...
Hoje recebi um e-mail do site Reflexão que me despertou para a necessidade de partilhar da filosofia do “não” na educação familiar, principalmente com relação aos filhos, haja vista que os pais tem a difícil missão de educá-los para que não sejam só protegidos pelo amor, mas que também sejam preparados para enfrentar as dificuldades que o cotidiano lhes reservará no futuro quando não tiverem mais os pais protetores.
Nosso mundo moderno oferece condições e facilidades nas atividades das crianças, já que o aluno em idade escolar não precisa mais ir a um biblioteca para fazer uma pesquisa, pois basta ligar o computador e recorrer ao Google, ou outros sites de consulta. Pois bem, não devemos nos envolver nessa parafernália tecnológica para abreviar nossas obrigações de educar e tornar a educação de nossos filhos uma eterna ciranda de facilidades a ponto de esquecermos das limitações naturais que existem nos procedimentos, diante da idéia de que nosso direito termina quando começa o de outrem. Assim, até na hora de ligar o computador deve haver limite. Essa regra, obrigaoriamente, passa pela iniciativa de dizer “não” quando for necessário.
Uma criança que cresce com tudo na mão e fazendo tudo que deseja - sem sofrer obstáculo nos seus propósitos - irá desenvolver na sua conduta uma postura de unipotente e de quem pode tudo, conquanto, terá muita dificuldade para enfretar as adversidades que são próprias da vida.
Assim, julgo que a mensagem que iriei repassar agora, extraída do site acima citado, contribuirá em muito para que os pais que deixam os filhos fazer tudo o que querem, possam refletir e tomar alguma atitude que mostre aos seus rebentos que o mundo não é feito apenas de coisas agradáveis, mas também de algumas doses de decepções que devem ser colocadas em cheque enquanto aquele ser ainda passa pela proteção dos pais.
Vamos ao texto:
"A DIFÍCIL ARTE DE DIZER NÃO AOS FILHOS
Você costuma dizer "não" aos seus fillhos?
Considera fácil negar alguma coisa a essas criaturinhas encantadoras e de rostos angelicais que pedem com tanta doçura?
Uma conhecida educadora do nosso País alerta que não é fácil dizer não aos filhos, principalmente quando temos os recursos para atendê-los.
Afinal, nos perguntamos, o que representa um carrinho a mais, um brinquedo novo se temos dinheiro necessário para comprar o que querem? Por que não satisfaze-los?
Se podemos sair de casa escondidos para evitar que chorem, por que provocar lágrimas?
Se lhe dá tanto prazer comer todos os bombons da caixa, por que faze-lo pensar nos outros?
E, além do mais, é tão fácil e mais agradável sermos "bonzinhos"...
O problema é que ser pai é muito mais que apenas ser "bonzinho" com os filhos. Ser pai é ter uma função e responsabilidade sociais perante os filhos e perante a sociedade em que vivemos.
Portanto, quando decidimos negar um carrinho a um filho, mesmo podendo comprar, ou sofrendo por lhe dizer "não", porque ele já tem outros dez ou vinte, estamos ensinando-o que existe um limite para o ter.
Estamos, indiretamente, valorizando o ser.
Mas quando atendemos a todos os pedidos, estamos dando lições de dominação, colaborando para que a criança aprenda, com nosso próprio exemplo, o que queremos que ela seja na vida: uma pessoa que não aceita limites e que não respeita o outro enquanto indivíduo.
Temos que convir que, para ter tudo na vida, quando adulto, ele fatalmente terá que ser extremamente competitivo e provavelmente com muita "flexibilidade" ética, para não dizer desonesto.
Caso contrário, como conseguir tudo? Como aceitar qualquer derrota, qualquer "não" se nunca lhe fizeram crer que isso é possível e até normal?
Não se defende a idéia de que se crie um ser acomodado sem ambições e derrotista. De forma alguma. É o equilíbrio que precisa existir: o reconhecimento realista de que, na vida às vezes se ganha, e, em outras, se perde.
Para fazer com que um indivíduo seja um lutador, um ganhador, é preciso que desde logo ele aprenda a lutar pelo que deseja sim, mas com suas próprias armas e recursos, e não fazendo-o acreditar que alguém lhe dará tudo, sempre, e de "mão beijada"
Satisfazer as necessidades dos filhos é uma obrigação dos pais, mas é preciso distinguir claramente o que são necessidades do que é apenas consumismo caprichoso.
Estabelecer limites para os filhos, é necessário e saudável.
Nunca se ouviu falar que crianças tenham adoecido porque lhes foi negado um brinquedo novo ou outra coisa qualquer. Mas já se teve notícias de pequenos delinqüentes que se tornaram agressivos quando ouviram o primeiro não, fora de casa.
Por essa razão, se você ama seu filho, vale a pena pensar na importância de aprender a difícil arte de dizer não.
Vale a pena pensar na importância de educar e preparar os filhos para enfrentar tempos difíceis, mesmo que eles nunca cheguem.
O esforço pela educação não pode ser desconsiderado.
Todos temos responsabilidades no contexto da vida, nas realizações humanas, nas atividades sociais, membros que somos da família universal.
Autor: (Do livro "Repositório de Sabedoria" vol I, Educação)
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