Quem não Cola não Sai da Escola
Esses dias saí como louca com um amigo para chegar a tempo de realizar nossa inscrição num festival. Inscrição feita, ao nos separarmos, ele deixou, no meu carro, um tubinho de cola, que havia comprado para lacrar o envelope com a documentação. Brincou:
- Pra você não poder dizer que eu nunca te dei nada.
- Cola!? Eu nunca precisei que me dessem cola! - retruquei, fingindo indgnação.
Depois fiquei lembrando. Já precisei, sim.
Sempre fui boa aluna, notas boas, responsável. Me formei aos 19 anos. Ao que, este mesmo amigo já disse, uma vez:
- Nossa! Formou tão rápido que nem teve tempo de estudar!!
Mas, na faculdade, teve uma matéria que não entrou na cacholinha: COBOL. Na época, pus a culpa no professor, que era mesmo um enrolão. Mas acho que criei alguns bloqueios com a linguagem de programação de computadores, muito mais blá-blá-blá do que a minha mente programada conseguia processar.
Na prova final, nem sabia por onde começar. Passados já, uns trinta minutos, dos cinqüenta que eu tinha, não havia produzido uma única linha. De repente, o colega sentado ao meu lado levantou-se e, discretamente, colocou uma folha sobre a minha mesa, para, em seguida, ir falar com o professor. Era seu rascunho e todas as questões estavam respondidas nele. Vergonha nenhuma de admitir: copiei tudinho: Ctrl+C e Ctrl+V. Só troquei o nome das variáveis. Foi assim que consegui ser aprovada.
Depois, me redimi. Por ironia do destino, fui trabalhar numa empresa onde se programava em COBOL. Tive que aprender na marra e até que não me saí mal.
Olhei para o tubinho de cola jogado sobre o painel.
Deixei lá, como lembrança da mancha no meu currículo, para eu não esquecer que também erro, às vezes. Uma cilíndrica e colorida lição de humildade.