O Dia Infinitamente Longo - Txt. II
Cap. I - Aurora
Pt. II - Das Violências do Despertar
Olhos vítreos encaram o sarcasmo do mundo, descobrindo cada sensação como se fosse unica, em uma miríade de luzes cortantes e sombras acolhedoras, dispondo-se em camadas de sobreposição mista formando uma aquarela borrada. Martelos sonoros retumbam pelos salões mentais, na medida em que forjam um desabrochar forçado. Gotas de verdades acidas lavam a carne impregnada pelo mofo amarelo-apatico. Visto um sentimento de obrigatoriedade morbida enquanto dispo minha humanidade. A mesma boca seca que engole o branco gelido e a massa áspera de pó, cospe a fumaça de fantasmas pálidos e a velha sonata de palavras decadentes. O sol não é mais como era antigamente e essa inimizade rasteja em meu peito, dilacerando meus sentidos com suas garras insípidas, fazendo minha alma arder em tons de cinza, mas por hora prefiro não gritar, sigo calado e deixo que meu silêncio velado seja uma resposta para tudo.