O Dia Infinitamente Longo - Txt. I
Cap. I - Aurora
Pt. I – Des(A)cordando
A análise do lado oblíquo denota coalisão bruta e as forças do mal se ajuntam novamente. Mas o que mais eu posso fazer? Planar por sobre as colinas de grama prateada, aonde a luz se refrata infinitamente num caleidoscópio de flores e formas, e além, muito além do horizonte azul-mar-profundo. Ou seria profundo mar azul do horizonte?
Sonhar com momentos de desilusão precoce, de ilusão tardia, de vivência nula e me entristecer ao toque dos sinos de cobre, que ritmicamente, cobrem de ternura crua a canção de ninar das horas. Não garanto a cadência das palavras não ditas a esmo, mas a marcha implacável segue em frente com o recuo das marés aleatórias, enquanto mariposas gigantes sobrevoam o céu púrpura. Chove sangue amargo, escorrendo para a alma e tingindo de escarlate nossas lagrimas, enquanto os escudos que nos escondem do paradoxo irreal do medo, refletem a escuridão abissal do nosso ser. Caminho por um pátio de pedras pretas quando os raios de sol me perfuram como farpas afiadas pela angústia e eu caio no vazio de mim mesmo. Acordo sobressaltado em minha cama me perguntando se havia sonhado aquela vida, ou se havia vivido naquele sonho, mas, no fundo, não vejo diferença.