Comunicar, expressar, fazer-se entender!
Não sei onde isso vai parar! E, confesso, me preocupo. Quando eu tinha 13 anos de idade (hoje conto 35), eu me preocupava em escrever da melhor forma possível as palavras da “redação”. A regra clara: “texto com introdução, desenvolvimento e final”; o título pode ser dado antes ou depois, não importa.
O meu entusiasmo pela leitura era compartilhado por vários colegas de sala... Éramos pequenos leitores contumazes. As redações brotavam e havia grande entusiasmo na sala quando a professora falava sobre os textos produzidos.
Pouco tempo depois, já não se falava em “redações”, mas, em produção de textos... O sentido continuou o mesmo: contar uma história com começo, meio e fim. Para falar a verdade, não sei que diferença prática faz! Creio que nenhuma!
Hoje, já não sei se a terminologia continua a mesma, mas vejo diferenças latentes na forma de comunicação. Necessário falar que não sou uma estudiosa da língua portuguesa, cometo meus pecados, mas procuro fazê-los poucos! Sou reles bacharela em Direito, tenho muito que aprender.
Dia desses conversava com um amigo que estuda em Belo Horizonte, curso voltado para as artes e comunicação. Disse-me esse amigo que fora esclarecido por um professor que tanto faz se “nós vai” ou “nós iremos”... Se o interlocutor se faz entender a comunicação existiu.
Posso concordar, ou não.
E, ressalto, não quero nem posso entrar em discussões técnicas sobre os estudos da comunicação porque cabe aos habilitados fazê-lo; não é o meu caso.
Mas, dentro do conceito de “homem médio” que aprendi no Direito (aquele que se enquadra na normalidade, mediano, que constitui o senso comum, sem grandes habilidades específicas, sem especialidades... enfim!) vejo como mais salutar exigir o mínimo de zelo com nossa língua, seja escrita ou falada.
E não estou falando em preciosismo! (Ah... tenho que contar! Em conversa com um conhecido, pelo recurso de mensagem instantânea da internet, caí na bobagem de alertá-lo para o uso de “agente” ou “a gente”! Só dei um toque, juro... nem fui pedante! E ele me veio com um argumento de que, pra ele tanto fazia... que ele não era desses preciosistas... que se sente à vontade para usar “agente”, “a gente”, “conserto” ou “concerto” independente dessas malfadadas regras que assombram o dia a dia de todos)
Não... Eu estou falando em mínimo necessário para valorizar a linguagem. Ouso achar desnecessária, por exemplo, a reforma ortográfica que instituída recentemente. Por razões econômicas, sociais e prioritárias; acho desnecessária a reforma. Talvez seja medo do novo, talvez por comodismo, não importa.
O que me preocupa é saber que a comunicação pode estar descambando para o desregrado! E ouso discordar também, aqui de forma mais veemente, daqueles que atribuem à língua mal falada ou mal escrita à condição sócio-financeira (deve ter alguma alteração nessa expressão, de acordo com a reforma. Mas confesso que, por agora, não me importo!). Não, não, não! Então quer dizer que os que têm menor poder aquisitivo estão fadados ao “nós asseste”, para sempre? Ora, ora! Não pode ser.
Há quem diga, inclusive, que as digressões, os impropérios, as calamidades que se propagam hoje pela internet, resumindo “você” a “vc” e tantas outras simbologias devem ser encaradas como evolução da língua! Não posso entender dessa forma! Me entristece saber que minhas duas filhas não são cobradas na escola quanto à grafia correta das palavras; saber que nas aulas de inglês elas passam horas colorindo quadrinhos e montando cartazes, em português, sobre um assunto qualquer; que os professores acham um absurdo quando os pais sugerem à criança que decorem a tabuada ou que visualizem o mapa do Brasil. Claro que muitas coisas precisam mudar, precisa evoluir... Ensinar com palmatórias à postos já não faz mais sentido. Mas, devemos preservar o melhor, aquilo que não fere, não machuca, não subestima. O contrário me sugere que estamos desistindo de ensinar, acreditando, talvez, que não exista quem possa ou queira aprender.