ATÉ QUE A MORTE OS UNA

O pagode está chegando aos shoppings centers. Com a evolução fantástica das classes C, D e E, que estão mudando de patamar, ganhando um degrau cada. Segundo os critérios de quem quer manter o povo no seu devido lugar, as classes A e B vão ter que construir muitas Daslus mais, se não quiserem se misturar ao povo. O pagode tá rolando solto nas praças de alimentação.

Inventaram essa terminologia de multi-subdivisão de classes para ninguém confundir nem deixar embolar miserável com pobre, classe mais ou menos média com média, alta e ricaça. Ainda mais em um mesmo lugar. - Cruzes!, vão dizer as peruas. Mesmo que sejam novas ricas, recém chegadas ao topo da pirâmide por celebridade, casamento arranjado, corrupção ou outro artifício digno de curiosas histórias de construção de impérios financeiros. Não estou falando somente das mulheres. O exemplo das peruas foi casual. Os homens também são iguaizinhos, mas não costumam falar cruzes! O negócio é que, culturalmente, a riqueza deles é mais cobiçada.

Muitas lojas dos outrora privativos shoppings de vender imagens e ilusões já têm aqueles artigos mais em conta, mas que ficam escondidos das vitrines e somente são oferecidos se no ambiente não estiver presente alguém com cara mais requintada ou nariz mais empinado. Ou então com pinta de fiscal mesmo. Aquelas mercadorias que chamam de segunda linha. Quem é cliente dos produtos importados sabe bem do que se trata.

Em Belo Horizonte, estão encontrando uma saída honrosa: já tem espaços exclusivíssimos - assim mesmo com superlativo absoluto -, que é para não misturar. Ora, restaurante onde uma cerveja custa 225,00, um cafezinho, 100,00 e uma cachaça, 30,00, assusta até ricos de verdade! E estão prometendo inaugurar muitos outros mais “ricódromos” Muitos talvez nem gastem isso nas suas freqüências a esses lugares. Freqüentá-los longe da turba basta. É só mesmo para mostrar o lugar de cada um.

josé cláudio Cacá
Enviado por josé cláudio Cacá em 23/06/2009
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