NA LOJA DE PET
 
 
         Neste domingo fomos ao Via Parking, um shopping na Barra. Eu e meus filhos Gabriel e Luciana. Entramos naquele mundo de carros e lojas diversas, cinemas, etc. Antes de subirmos ao andar de cima, Gabriel me arrastou para ver uns “modeses” que costuma haver na vitrina; somos parecidos, adoramos bichinhos bebê.
         A vitrina dispunha de várias caminhas vazias de filhotes. Mas lá dentro uma família tinha em mãos um filhote de cachorro tão lindinho, que aperto os olhos de carinho lembrando aquele mimo.
         Não resisti, entrei na loja e perguntei se eu podia pegar o bichinho, assim na maior independência de considerações de pertinência e adequação social. Meus filhos ficaram lá fora envergonhados de mim.
         Tanto a dona da loja quanto o pai da família, que trazia o cãozinho em suas mãos compreenderam, e me atenderam, passando-me o bichinho. Pequeno, mas já esperto e desconfiado, nervoso, tinha o pequeno rabo girando celeremente como uma hélice, evidenciando a ansiedade de sua vidinha nas mãos da vendedora, o pai, mãe e dois filhos de uns dez ou oito anos, todos aqueles olhos voltados para ele e decidindo seu destino.
          Olha, tenho-o no meu coração ainda agora, peguei-o encantada, aconcheguei-o ao peito, bem onde o meu coração bate, onde tem calor materno e segurança. Foi amor à primeira vista. Nossos olhos se encontraram, ele se acomodou em minhas mãos e aconchegou-se às palavras de amor que recebia de mim. Eu senti seu corpinho correspondendo, aninhou-se e parou o rabinho confiadamente e me olhou com seus olhos redondos e brilhantes, como um encontro perfeito. Nossa, senti todo o amor do mundo por ele. Demorei um pouco mais com ele encostadinho a mim, sentindo-o, amando-o, um delicioso contato de um serzinho precisando de alguém como eu.
         (E eu precisando dele).
         Cheguei-me ao balcão e perguntei baixinho o preço, interrompendo até a compra prestes a ser feita pelo freguês.
         Era um preço absurdo, a família ansiosa esperava o desenlace de interrupção. E eu passei o Modese para as mãos do homem, que ainda falou para o filho “você é que vai cuidar dele”!
         Saí ao encontro dos meus filhos e carreguei no coração e alma aquele amor nascido há pouco e que perdura agora e para sempre.