Série Ego em Prosa - 10) Filosofias de vida ou da escolha da religião

Filosofias de vida ou da escolha da religião

No texto anterior, falamos das escolhas que fazemos na vida. Lembrei-me esses dias de Karl Marx e resolvi escrever sobre uma das escolhas que fazemos: as filosofias de vida ou religião. Marx diz:

“O sofrimento religioso é, a um único e mesmo tempo, a expressão do sofrimento real e um protesto contra o sofrimento real. A religião é o suspiro da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração e a alma de condições desalmadas. É o ópio do povo” (Karl Marx, “Uma Contribuição à Crítica da Filosofia do Direito de Hegel” - 1844).

Podemos encarar essa dura verdade de duas formas: a concreta, lendo e entendo literalmente que a religião, o sistemas de crenças, são realmente como anestésicos da realidade e nos ajudam a viver a vida baseados em determinadas idéias ou filosofias, sejam elas mais ou menos ortodoxas, o que não deixa de ser uma certa verdade, pois escolhemos sobre qual ponto de vista iremos acreditar (ou não) na existência de Deus, Força Cósmica, Buda, Krishna, Alá, Grande Pai, Zeus, Deus Cornífero, Oxalá. Ou podemos entender como uma metáfora e compreender que Marx foi menos concreto e mais compreensivo das necessidades do povo de se ter uma religião. “O sofrimento religioso é, a um único e mesmo tempo, a expressão do sofrimento real e um protesto contra o sofrimento real. A religião é o suspiro da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração e a alma de condições desalmadas”; é quase como um poema, como se todos nós necessitássemos mesmo desse sistema de crenças para (sobre)viver. Mesmo o ateísmo, não deixa de ser um sistema que faz sentido para muitos, uma forma racional e objetiva de se compreender que nós somos responsáveis por nós mesmos, excluindo a idéia da existência de um deus.

Independente de qual sistema cada um adote, como dito no texto anterior, escolher um, dois, vários, ou nenhum é uma escolha. Precisamos de uma teoria, um ideal, um sistema de valores e crenças, pois as eternas questões “quem somos”, “de onde viemos”, “para onde vamos”, consciente ou inconscientemente, estão inscritas em nosso DNA. Explicar os fatos da vida, os acontecimentos, as escolhas que fazemos ou deixamos de fazer, é uma forma de justificarmos nossas escolhas e as conseqüências destas no presente ou futuro. Para alguns, tais questionamentos são mais fortes, para outros, nem tanto.

Acredito em uma coisa, uma verdade universal: cada um de nós é responsável por tudo que acontece em nossas vidas. Antoine de Saint-Exupéry, em O Pequeno Príncipe, diz: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. Independente de acreditarmos na Lei Tríplice da magia e da Wicca (tudo que fizer, voltará a você em triplo, seja bom ou ruim), ou qualquer outra lei de ação e reação, causa-efeito, lei do retorno, muitas vezes torna-se menos pesado atribuir a responsabilidade de nossas escolhas “erradas” a um trânsito planetário, a um castigo de Deus, espíritos vingativos de outras encarnações, mandinga, ou qualquer outra coisa. Que isso existe, para alguns que acreditam sim, para outros, não. O que devemos compreender é que tudo na vida é nossa responsabilidade, não adianta culpar a sociedade, os governantes, a natureza, a família, os amigos, o casamento, os filhos. Somos responsáveis por nós, fazemos nossas escolhas e, que arquemos com as conseqüências.

Portanto, está na hora da humanidade se unir, colocar sua fé a toda prova para reverter esse quadro de violência, falta de saúde, educação, poluição, abandono de animais e crianças. Se, cada um for uma andorinha e carregar uma gota d’água para apagar o incêndio da floresta, com certeza poderemos fazer um Verão e garantir a manutenção da Terra, seja ateu, católico, protestante, batista, wiccano, budista, umbandista, kardecista, evangélico, judeu, mulçumano, não importa. Parece ideologia demais, sonho, ilusão, fantasia, em um mundo capitalista, globalizado, individualista. Mas, se nem nisso pudermos acreditar, então, vamos acreditar em quê?

Gu Oliveira
Enviado por Gu Oliveira em 22/06/2009
Código do texto: T1661427
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