Eu era o Desamor.

Hoje eu levantei, analisei mais uma vez as coisas que você deixou aqui. Era tudo o que você acha velho, desgastado, sem graça. Nisso tudo, eu também era algo sem vida, sem uso. Dava-me bem com seus pequenos objetos. Eu era um dejeto seu!

O Sol iluminou a sala de estar, mesmo sem ter você, e as traças se alimentavam dos nossos livros e da sua coleção dos Beatles.

Outra pessoa sugava seu corpo para si, domando o seu prazer, a sua essência.

A Lua chegou, cegando o céu.Fui me deitar,e os lençóis ainda amarrotados possuíam o seu perfume, o nosso cheiro de suor, saliva e sexo.

Ao cair em mim,lágrimas desciam sobre a face,molhando os lábios que você secou.

-Eu era o desamor!