MEMÓRIAS DE UM ACADÊMICO - Briga entre poetas!

MEMÓRIAS DE UM ACADÊMICO – Briga entre poetas!

Aconteceu na década dos anos 1980 um desentendimento entre os poetas Jayme Martins de Freitas, principal idealizador e um dos fundadores da Academia Conquistense de Letras e o repentista Fuad Maron, também membro efetivo da instituição. Os motivos são sempre os mesmos, quando Maron é um dos protagonistas: ele é afeito a denegrir sem piedade aqueles que não concordam com suas opiniões e vai tecendo comentários desairosos contra sua vítima, onde quer que andasse...

Jayme procurou-me indignado, queixando-se daquela forma antiética de ser tratado pelo confrade e pensava até em ir às vias de fato com o seu desafeto. Como tínhamos uma boa relação de amizade e para salvaguardar a ACL que engatinhava ainda para chegar aos cinco anos de fundada, aconselhei-o a não tomar atitudes físicas que viesse, a por em cheque o prestígio da academia que estava no caminho de consolidar-se, sofrendo os percalços naturais para atingir seus objetivos.

Aí o Jayme disse: “Eu tive uma idéia... Já que Maron gosta de brincar com os amigos fazendo menções de bater nas suas genitálias e depois passa a mão na boca, vou escrever uns versos de sacanagem e você vai publicá-los para mim” – Está bem, amigo Jayme faça os versos e traga-me para colocar no jornal O Radar que sai no final da semana. E assim aconteceu. O Jornal O radar trouxe na página cultural o poema que segue:

FURRÊ MURRON

Jayme Martins de Freitas

Furrê Murron

Um poetrasto que me dizia ser bom

Tem uma mania louca

Passa a mão no saco dos amigos

Depois passa a mão na boca...

Não sei que será

Deste futre malungo

Não sei se ele é gilete

Não sei se ele é xibungo!

O jornal saiu e esgotou-se nas bancas da cidade. E o Maron não ficou meu inimigo. Apenas passou a falar mal de mim aos quatro cantos, como aliás, por muitos anos continuou a denegrir pessoas de bem com as quais tivesse desentendimentos por menores que fossem.

O Jayme faleceu no final dos anos 1980. Levado pela esposa para medir a pressão arterial no Hospital Unimec, deixaram-no sozinho no corredor do hospital. Deve ter dormido, caiu da maca, bateu a cabeça no chão e teve traumatismo craniano, vindo a falecer no dia seguinte.

Ricardo De Benedictis
Enviado por Ricardo De Benedictis em 22/06/2009
Código do texto: T1660889
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