Vivemos para lutar ou lutamos para viver

Esta é uma dúvida que carregamos todos os dias (pelo menos no meu caso), assim que acordamos, nos perguntamos: - “Vale a pena todo esse sacrifício?” -, essa resposta só se sabe, quando achamos que conquistamos algo, pois o ser humano nunca está contente com o que ele tem, e assim é desde a nossa evolução quando resolvemos desbravar o desconhecido, saindo da África para o restante do planeta.

O meu caso como um exemplo, desde os doze anos, sempre trabalhei, seja vendendo pão na feira, vendendo geladinho em campo de futebol, servente de pedreiro, limpeza de sítios, fábrica de blocos de cimento, marcenaria, e até pouco tempo em uma fábrica de piscinas (nesse último durante sete anos), onde poderia estar até hoje, afinal estava estabilizado, bastava apenas me acomodar e esperar o tempo passar.

“Felizmente ou infelizmente” (dependerá muito do ponto de vista de cada um) resolvi voltar a estudar, por melhor que estivesse lá fiz uma escolha, e aos 25 anos larguei o certo pelo incerto, precisava buscar algo a mais (nesse ponto que eu quero que me ajudem a analisar), após um acordo amigável sai do emprego (que como já disse estabilizado) para melhorar a minha vida, mudar em 180°, não que a minha vida estivesse ruim, longe disso, graças ao meu trabalho ajudei os meus pais a construírem a nossa casa, a comprar móveis, eletrodomésticos, eletrônicos, meu irmão mais novo apenas dedicar-se aos estudos, ou seja, muito melhor que vemos e ouvimos por aí.

Não estaria de bom tamanho tudo isso? O que Deus me reservou, já não teria conseguido? Por que não apenas manter a rotina, ter a sua família, o seu emprego, como muitos fazem por aí? A tal vida insossa ou insulsa. Será que é necessário ir buscar algo, que muitas vezes não lhe estava reservado? Essas e muitas outras perguntas me faço algum tempo.

Muitos sem o seu emprego depositam todas as fichas no estudo, sabem que não será fácil, o seguro-desemprego, o FGTS e a poupança, apenas os auxiliarão no início, com o tempo terá que buscar novas fontes para alimentar, ou acabará secando todas, no primeiro ano sempre é muito tranquilo, imergem nos estudos procurando aproveitar ao máximo, afinal não sabem quando aparecerá outra oportunidade de emprego. E quem sabe por ventura logo um estágio estará disponível?

Os pais sabem muito bem do risco, e sabem que podem suster em algum momento caso o filho ou filha não encontre rapidamente outro emprego, - “A vida é uma luta” – Diz as mães. Como bom empregado, na maioria das vezes a empresa volta a chamar, no entanto se voltam perdem a oportunidade de crescer e caem no mesmo buraco que lutam para sair, se torna um retrocesso, no fundo algo diz: “Espera que tudo vai dar certo”, e outras oportunidades realmente aparecem, contudo nenhuma delas dá a possibilidade de conciliar o trabalho com os estudos (não são todas é claro, sempre há exceções, mas a maioria, não saberia representar em porcentagens, das empresas parecem não querer que os seus funcionários procurem melhorar a vida, complicam de alguma maneira, temem perder o seu empregado acomodado, sem perspectivas, e depois não encontrarem outro igual), os jovens de hoje buscam ser diferentes dos seus pais que ficam ou ficavam quinze, vinte anos ou mais no mesmo lugar, inertes, temerosos com o seu futuro, se ambos (os pais ou os jovens) estão certos ou não, só o tempo pode responder.

Na maioria das vezes abandonam os estudos e voltam ao trabalho (será que Deus, abrindo essas portas, “as oportunidades que aparecem”, mostra um sinal de que estaria apenas apto a trabalhar, apenas isso?). Interrompem um sonho de concluir uma faculdade, será que esse não era o seu destino? (é o que ocorre com muitos que infelizmente não conseguem terminar o seu curso). Pois em todos os momentos, lá estão eles (os pais) afirmando: - “A vida é feita de lutas e escolhas, você deve decidir, qual seja sua escolha, nós sempre o apoiaremos” -. E dessa forma confiantes continuam a luta.

Não sei até quando conseguem resistir, dizem que: “NADA É PARA SEMPRE”, em muitos casos os sonhos são adiados ou guardados, engraçado tantos outros conseguem conciliar as duas coisas (me parece que quando você está trabalhando e pensa em estudar, e a sua empresa possibilita isso, tudo fica mais fácil, agora quando você está estudando e pensa em voltar ao mercado de trabalho encontra sempre um obstáculo), arriados não compreendem o que está acontecendo, sempre acham que a luta está sendo em vão.

Confesso que a cada dia aumenta mais a minha dúvida: “Saímos da inércia e lutamos para viver ou nos acomodamos onde estamos e vivemos para lutar”?

Regor Illesac
Enviado por Regor Illesac em 21/06/2009
Código do texto: T1660701
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