Ser professor não é fácil
Sempre procurei nortear o meu viver tendo como base o aprendizado constante, por essa razão o espírito de busca, o exercício do bom senso, o verdadeiro sentimento de gratidão pelas pessoas, pelas coisas e pelos acontecimentos, conseguiram trazer-me até os dias de hoje a um patamar de compreensão e de fé, mais ou menos considerado ideal. Neste momento contemporâneo, em que a baderna, a anarquia e a grande inversão de valores grassam em todo o território mundial, o fato de se conseguir atingir um nível de visão ampla, suficiente para comandar uma vivência equilibrada, esclarecida e ativa, pode também chegar perto do que poderíamos chamar de um grande milagre. Pois é, esse milagre não é nada mais do que o resultado puro e simples de uma consciência ampla, profunda e constante, por onde ganhamos a permissão de chegar ao “porto seguro” da vida – nada disso são apenas conjeturas - é a pura realidade.
O que poderia ser o Paraíso Terrestre senão o local em que todos estariam convivendo em perfeita harmonia e felicidade? Ora, esse mundo ideal foi preconizado há mais de 2000 anos e, pelo andar do andor, os preparativos já estão sendo ativados, com força total, haja vista a ação depuradora que a humanidade está sentindo na pele, em conformidade com os acontecimentos catastróficos em todas as áreas da vivência humana. Todos nós estamos no mesmo barco, portanto a humanidade representa uma grande família, à qual fazemos parte, logo a salvação de cada um de nós está na dependência direta da salvação do maior número possível de irmãos, ou seja, se quisermos ser felizes, temos que lutar pela felicidade dos outros em primeiro lugar, pois só assim garantiremos um retorno seguro para nós e nossos familiares.
Um ponto de grande importância em tudo isso é que ninguém de nós está à altura de salvar quem quer que seja, já que a salvação ou a perdição estão nas mãos daquele que possui o livre arbítrio, portanto temos que ter a consciência de que a nossa interferência é puramente instrumental, ou seja, quando lutamos para o crescimento da individualidade do próximo, estamos sendo apenas um canal de transmissão, orientador para a rota do Caminho Perfeito. Com esse objetivo, passamos então a ser “professores”, demonstradores de como fazer, para que cada um ganhe força e permissão de crescer e de salvar a si mesmo e aos seus. Agora, é necessário que o professor esteja ciente de que ele só poderá agir eficientemente, no momento em que ele próprio esteja trilhando o Caminho, para que assim se manifeste suficiente força de salvação e atração, assim sendo a sua responsabilidade passa a ser de alto nível, e para isso é preciso estar realmente preparado.
Estar preparado é possuir grande “peso” na palavra e no exemplo, qualidade essa que só se ganha após muitas experiências, muito estudo e dedicação, extrema força de vontade e, principalmente, com a exteriorização de muita sinceridade e de um amor verdadeiramente altruísta, à custa de sofrimentos, incompreensões, contestações, humilhações e com a prática da paciência extremada. É uma perfeita batalha contra preconceitos e crenças dogmáticas, que já se tornaram ineficazes para os momentos atuais; também contra teimosias fanáticas, ignorância, burrice, idolatria etc., incluindo-se por esse meio aqueles renomados, que se “acham” sumidades, entendidos, ou poços de sabedoria, e que não passam de perfeitos representantes de uma aristocracia mofada, retrógrada, puramente materialista, egoísta e presunçosa, que foi capaz de trazer o mundo para a beira do abismo.
Ser professor não é fácil, porém quanto maior o obstáculo, mais gratificante se torna a vitória. Esse é um trabalho muito prazeroso e que nos permite ganhar a certeza do crescimento espiritual, principalmente quando conseguimos criar e multiplicar o número de professores, muitas vezes de nível superior ao nosso. Esse é o caminho da construção do Mundo Ideal de Verdade, Virtude e Beleza, porém não podemos cair na armadilha de nos sentirmos os “donos da Verdade”, porque devemos estar sempre cientes de que quanto mais aprendemos, mais e mais temos para aprender – o saber é infinito, por isso que ele tem um sabor todo especial de “quero mais”.