Série Ego em Prosa - 9) Construindo uma Identidade
Construindo uma Identidade
Shakespeare lançou um dilema intrigante quando Hamlet diz “Ser ou não ser, eis a questão”.
Globalização, miscigenação, colonização: diversos sufixos “ação” para
um mundo que se mistura, conectado por redes virtuais e reais de variedades, seja de povos, tribos, raças, orientações sexuais. Em meio a esse caldeirão fervilhante de culturas, tentamos construir uma Identidade, responder a pergunta “quem sou eu”?
Somos integrantes de uma família (pai, mãe, irmão, tio, sobrinho, primo, filho, neto, bisneto), de um regime político e econômico (socialista, anarquista, capitalista, democrata, ditadura, republicano), de uma religião (católico, evangélico, budista, wiccano, ateu), de uma tribo (emos, clubbers, punks, playboys, patricinhas, skatistas, intelectuais), profissionais (médicos, psicólogos, professores, geógrafos, historiadores, dentistas). Exercemos papéis sociais em tão diversos contextos que, mesmo escolhendo não ser parte de nenhum deles, é uma escolha que constrói a identidade.
A mídia diária mostra também a violência, a pirataria, o crime, roubo, furto, homícidio culposo, doloso, réus primários, reincidentes, experts, que até estes não escapam da construção de uma identidade social, ou seja, a sociedade os constrói como bandidos, marginais, assassinos, criminosos frios e calculistas, destruidores de lares e famílias. É difícil passar por cima de nossos preconceitos e pre-julgamentos e enxergá-los como pessoas, seres humanos que construíram uma identidade controversa, rebelde, violenta, mas ainda são pessoas.
Como ser você mesmo? Tantas escolhas, tribos, economias, filosofias de vida, religiões, políticas. Como destacar-se na multidão e fazer a diferença? É preciso escolher entre “ser ou não ser” shakespeariano. A vida são escolhas, e mesmo escolhendo não ser parte de nada, não ser nada, não fazer nada, isso também é escolher ser alguém.