NO BRILHO DO TEU OLHAR

Tomara que eu consiga aqui o meu intento. Falar de um momento lindo e mágico, no qual tive orgulho e prazer de estar presente. Aliás, de quem vou falar pra mim é um presente recebido numa embalagem colorida com sorriso aberto, desavergonhado e encantador. Falando assim parece que vou falar de um lindo caso de amor. E vou mesmo. Meu caso de amor com uma linda e sorridente morena. Calma, não contrariei a natureza (ou os preceitos sociais?) quanto a minha sexualidade. Mas me apaixono sim por homens, mulheres, coisas... A vida sem grandes paixões o que seria? Um caminhar lento e sem sentido para um fim sem deixar memórias. Ah, e eu quero deixar muito o que falar! Falem mal, mas, por favor, falem. E, se possível, também falem bem. Morrer sem ser lembrada jamais. Não aguentaria, seria o mesmo que morrer mil vezes.

Voltando a meada que me embaralhei no fio, este caso de amor começou quando tive a oportunidade de ler pela primeira vez uma poesia no jornal O Mossorense, que tinha a minha cara. E vocês podem se perguntar: E poesia tem cara? E como! Cara triste, nostálgica, alegre, revolucionária, transgressora... E lembro muito bem o título da poesia: Transgressão. Parecia eu ter escrito. Me veio a mente, quem seria aquele outro eu. Que mulher fantástica e tão bem dada com as letras. Coincidentemente, nos encontrávamos, aos domingos, na mesma página do referido jornal. Daí então passei a ler seus versos num deguste bem especial. Adorava quando, muitas vezes, aparecíamos lindas e poéticas bem juntinhas, uma acima da outra, em versos, claro. E minha curiosidade e vontade a cada dia cresciam, precisava desvendar este mistério: conhecer pessoalmente este meu eu que havia saído de mim, ou eu saído dela. Esta ordem não importa porque não altera a intensidade da minha admiração. Foi quando num dia azul com sol alegre nos encontramos na internet através de Caio César Muniz, presidente da POEMA (Associação de Poetas de Mossoró). Homem culto e corajoso, disseminador da poesia mossoroense, e convenhamos de nome extremamente poético. A partir deste momento marcamos um encontro real, que ocorreu no dia da poesia em dois mil e sete.

O engraçado nesta história é que minha intuição dizia que apesar de minha admiração por sua poesia, não iria gostar da poetisa pessoalmente. Pra mim, nela tinha um quê de pedantismo. Quebrei a cara. Meu outro eu era de uma simplicidade e alegria contagiante. Daí nada mais é preciso falar, misturamos os nossos eus que até hoje nem sabemos bem quem é quem: os seus segredos, desejos, sonhos... são iguaizinhos aos meus. Nos vemos pouco por motivo de versos: responsabilidades, trabalho, distância geográfica etc. Entretanto, é um pouco muito, pois trocamos energia tão positiva derramada dos nossos corações que enche o mundo de vida e sorrisos gargalhadas seja onde for nossos encontros.

Ontem, vinte de junho, meu eu moreno estava com um brilho intenso no olhar. Lançou seu primeiro livro de poesias: Ensaio Poético. Ganhou o concurso Rota Batida – incentivo aos novos talentos de Mossoró pela Coleção Mossoroense da Fundação Vingt-Un Rosado - do qual também participei, a oportunidade de lançar a muitos olhos a sua criação que vem da alma.

Foi o lançamento de livro mais alegre e feliz que já participei, com direito a toda quebra de protocolos. Aliás, se os tivesse não seria meu eu moreno a escritora. E além de me encontrar em seus versos, ontem me achei no brilho do seu olhar. Isto porque é bom demais ver a felicidade voando feito borboletas coloridas no sorriso de uma amiga.

Valeu Ângel a alegria que derramastes ontem em meio às lagrimas que teimavam em acariciar tua pele morena de mulher madura que sabe o que quer da vida: Ser feliz!!!

Para minha amiga Ângela Gurgel com todo o meu carinho.

Fátima Feitosa
Enviado por Fátima Feitosa em 21/06/2009
Código do texto: T1659962
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